quinta-feira, 13 de novembro de 2008

e no princípio, era o verbo...

E no princípio era o verbo.

Mas, isso era no princípio.

Hoje, uma edição falsa do New York Times anunciando, por exemplo o fim da guerra, não só não chegou para acabar de facto com ela, como lançou a indignação nalguns meios, a começar pela própria direcção do New York Times, que não achou graça nenhuma à ideia.

Mas a verdade é que a cópia quase perfeita do jornal, distribuída ontem de manhã em vários pontos de Nova Iorque e Washington, enganou muito boa gente. Isto apesar da surpresa de algumas das notícias publicadas. Anunciava-se por exemplo o fim da guerra no Iraque e o regresso das tropas, o livre acesso à universidade e a criação de um sistema de saúde universal. Enfim, só boas notícias. A ideia geral vinha logo na tituleira, onde se glosava o lema do próprio jornal nesta frase: Todas as notícias que nós esperamos um dia vir a publicar. Enfim, mais ou menos isto em tradução livre.

Pois acontece que estas liberdades desagradaram sobremaneira à direcção do jornal – ainda mais que alguns dos colaboradores desta edição mistificadora eram jornalistas do próprio New York Times... E desagradaram tanto, que a direcção do jornal anda agora a ver se descobre os autores e os responsáveis por esta edição. O jornal Público já os descobriu. O Guardian também e até já falou com eles… Diz que foram os auto denominados Yes Men, um grupo da esquerda norte americana. Mas, garantem que para além da ideia, só ajudaram na distribuição dos mais de um milhão de exemplares impressos. Toda a edição, 14 páginas cada exemplar, foi financiada por pequenos investidores e elaborada por voluntários. Na primeira página remetia-se toda essa mirífica actualidade para um certo 4 de Julho – dia nacional da América… no caso, o 4 de Julho do ano que vem. Uma das colaboradoras desta edição pirata, chamemos-lhe se não vos choca… disse que. depois de 8 anos de Inferno – a alusão dispensa traduções – depois de 8 anos de Inferno, chegou a hora de começar a imaginar o céu e fazer mais pressão que nunca para conseguir a mudança desejada pela nação americana e pelo mundo

Pois, mas não! Porque a verdade, a realidade, essa está logo aqui na página ao lado…

No estado da Louisiana, o Ku Klux Klan matou uma mulher. que queria abandonar a organização. Uma neófita. Mulher de 44 anos. Morta a tiro, domingo passado, num perdido pântano do delta do Mississipi, onde decorriam as cerimónias de iniciação. Consta que a meio do ritual ela terá mostrado vontade de desistir e ir-se embora. Vontade de abandonar o grupo. Ter-se-á seguido uma discussão entre ela e o chefe da seita. Discussão que se resolveu abatendo a tiro de pistola a refractária.

Os responsáveis pelo crime, escreve o Público, acabaram por ser descobertos, quando perguntavam, numa loja, como limpar da roupa os vestígios de sangue, que lhes tinham ficado. Do resto, no local do crime, todos os eventuais vestígios já tinham sido apagados e o corpo escondido algures. Enfim, o sítio é mesmo recolhido e só lá se consegue chegar de barco. E foi aí que, segundo o relato, esta mulher se submeteu a rapar o cabelo todo, como, ao que parece, ordena o ritual de iniciação e se entregou aos ritos iniciáticos da Ku Klux Klan. Diz o sheriffe de Tammany, no Lousiana, que os rituais do Ku Klux Klan se resumem no essencial em acender tochas e correr pelos bosques.

No essencial talvez, no acessório não me cheira que seja essa a fama que os tornou mais populares…

Sem comentários: