quarta-feira, 2 de julho de 2008

Vem no 24 Horas, na secção de actualidade nacional.

E diz que Manuel Monteiro, o líder do quase ex- Partido da Nova Democracia, está descontente com a situação actual do País.

Mas muito descontente mesmo. E descontente ao ponto de apontar o dedo aos que considera culpados pelo estado a que o País chegou. Repare-se nesta construção frásica: o estado a que o país chegou. É daquelas frases que, sem dizer, dizem logo. E o que dizem não é de bom augúrio.

Ora, diz o 24 Horas que, Manuel Monteiro diz que a culpa é de Cavaco. De Cavaco, de Guterres, de Barroso, quando ainda era Durão e ministro de Portugal…

E está de tal forma descontente, Manuel Monteiro, que ontem mesmo terá dito à agência Lusa – é daí que o 24 Horas recolhe o depoimento – terá então dito … e passemos às aspas, que neste caso aqui – mais que nunca – se justificam e recomendam. Manuel Monteiro em discurso directo, portanto… “Apetece mandá-los a todos eles…” – (eles, já vimos serão Cavaco Silva, Durão Barroso e António Guterres – a eles todos dizia Monteiro. "Apetece-me mandá-los a todos eles para a pata que os pôs, porque já não há paciência para esta cambada, repito cambada, que colocou Portugal na situação em que se encontra." Fim de citação.

Entre a vontade expressa de Manuel Monteiro e a concretização desse mesmo desejo, talvez nunca se chegue a passar coisa nenhuma. Quer dizer, pode ser que nenhum dos visados chegue sequer a tomar conhecimento deste desejo irrefreável de Manuel Monteiro. Pode também acontecer que sim, ou que alguém lhes diga e, mesmo assim, não se ofendam. Não, pelo menos, o suficiente para lhe pedirem contas e satisfações, ou, no mínimo, nada que mereça sequer o reparo, quanto ao desbragado da linguagem, à brejeirice do discurso. À liberdade poética, vá…

Também se pode considerar, que Manuel Monteiro, ao dizer que lhe apetece mandar seja quem for para a pata, ou outra ave qualquer que pôs, ou chocou esses ovos metafóricos … pode considerar-se que – a intenção, o desejo, valem pela coisa em si, ou seja, pode dizer-se que "apetecer mandar” alguém seja para onde for e dizê-lo publicamente é o mesmo que já ter mandado.

Aí, voltamos ao mesmo. Ou o visado não se ofende, correndo o risco que se diga depois, que, quem não se sente não é filho de boa gente – enfim, estamos perante casos de alegados filhos de um pato, no caso, de uma pata, mas isso não é desculpa… Portanto, ou o visado não reage, ou então, tomando a invectiva como insulto consumado, pode bem acontecer que, Manuel Monteiro vá ter de explicar, de onde lhe veio a ideia de relacionar a ascendência destes 3 políticos portugueses, com qualquer ordem zoológica, que não seja a dos primatas, em que a espécie humana se inclui. A ordem dos primatas, também, se calhar, seria ainda muito vago e atreito a leituras enviesadas. É que, nos primatas, incluem-se também os macacos em geral, somando-lhe os micos, orangotangos, chimpanzés, gorilas, lémures e babuínos. Tudo bichos que não põem ovos, mas com quem ninguém gosta de ser comparado.

E também hoje ficámos a saber que, só agora é que Washington retirou da lista negra do terrorismo internacional, o ANC de Nelson Mandela e o próprio Nelson Mandela. George Bush assinou ontem a lei que limpa de vez o nome de Mandela desse labéu terrível.

Claro que a burocracia é coisa morosa. É quase sempre. Só assim se justifica este tempo todo, que passou entre a libertação de Mandela, das prisões do apartheid e este reconhecimento, por parte de Washington, de que Mandela não é um perigoso terrorista, nem representa nenhum perigo para a humanidade.

A questão curiosa, que fica em aberto, é saber como é que ele foi lá parar, à lista. Depois, temos ainda outra questão em aberto e bem mais grave e preocupante, esta. É que, com estes atrasos burocráticos e informação confusa, ou contraditória sobre quem é e quem não é afinal terrorista perigoso… não correremos nós o risco de um dia destes sermos invadidos em expedição punitiva? … Em verdade e bom rigor, o que é que Washington sabe e conhece de Portugal e dos portugueses? Saberá, ao menos, apontar-nos no mapa?...

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