terça-feira, 22 de janeiro de 2008

haja saúde! é o que eu digo. haja saúde!

“As grandes obras públicas, anunciadas pelo Governo, são incompatíveis com o cumprimento do protocolo de Quioto e Portugal ver-se-á obrigado a comprar créditos de poluição para atingir aquele objectivo até 2012. “
É assim que abre a notícia que o Público traz, lá a páginas 15, na edição de hoje.
É uma notícia em forma de denúncia, subscrita por Francisco Ferreira, da Quercus, associação ambientalista portuguesa.
O novo aeroporto, o TGV que há-de vir, a terceira ponte sobre o Tejo, que há-de dar serventia aos dois, comboio e aeroporto, as novas auto-estradas… tudo isso, no parecer da Quercus, vai aumentar os consumos energéticos e, em consequência, aumentar a emissão de poluentes para a atmosfera…
Diz a Quercus, que há já uma derrapagem média de 5 milhões e 800 mil toneladas por ano de CO2, entre 2008 e 2012. É já mais do que o previsto e permitido. É um valor que empurra inevitavelmente para essa solução de recurso, que é a de comprar créditos de poluição a outros países, menos poluidores do ambiente, ou então, financiar o desenvolvimento de projectos associados à redução de emissões noutros países.
E aqui é que a confusão se instala.
Quer portanto dizer que – havendo dinheiro - pode-se poluir sem problema de maior, ou pelo menos sem ferir a letra do acordo, do compromisso, enfim, do protocolo.
Compra-se créditos de poluição a países que os tenham. A países, que por qualquer razão – de inteligência e civilidade, ou simplesmente de subdesenvolvimento e falta de dinheiro - não poluem tanto.
Em alternativa, pode-se limpar o cadastro, investindo em projectos ambientais e de redução de emissões poluentes, noutros países!
Só uma pergunta. Tola, certamente… E porque é que não se investe no próprio país, onde o descalabro se instala? Porque é que, em vez de se investir na preservação do ambiente em países que, se calhar, até nem estão em situação assim tão crítica quanto isso… porque é que não se começa por se investir em limpar a própria casa onde se vive? Se cada um limpar a sua casinha, ficamos todos com um bairro mais asseado, ou não?...
Outra pergunta tola. Quererá a Quercus, que o novo aeroporto, a nova ponte, o TGV, as novas e futuras e eventuais auto estradas não se construam? Ou antes pelo contrário, apesar de isso implicar, eventualmente, a obrigação de Portugal ir comprar direitos de poluição a um qualquer Burkina Fasso?… Despesa acrescida para o erário público… E esse então é que é o problema, ou, pelo menos uma outra face do problema?E qual será o problema maior?…
E para os tais países com créditos na matéria? Será esta uma boa notícia? Uma nova forma de financiamento e equilíbrio das contas do Estado?

Tudo se vende… há quem diga. Enfim, gente zangada com a vida, gente p’ra quem nunca nada está bem… A verdade também é que, até hoje se dizia que, valha-nos isso, ao menos o ar que se respira ainda é de graça!

Até hoje…

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