Ora, no essencial, a denúncia é que por causa de um certo rumor, de que os exames este ano seriam canja – perdoe-se-me o plebeísmo da expressão – os alunos ter-se-ão – digamos assim – descontraído demais e o resultado esta à vista: as notas caíram abaixo das expectativas, até dos melhores. A denúncia é da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, no que terá sido secundada pelo secretário de Estado da Educação, Valter Lemos. No caso, fala-se dos exames de matemática, mas o descalabro foi transversal a outras disciplinas, como o português, sendo que a moléstia, se se pode chamar assim, contaminou até os melhores alunos das melhores escolas.
No DN, dá-se o exemplo dos alunos da secundária D. Maria, de Coimbra – exemplo de escola de sucesso. Aí, até os melhores alunos foram apanhados de surpresa, com as pautas de Português. Que neste caso concreto é o Português, a disciplina em causa.
Os exemplos vão desde este aluno, que trazia a média de 17, para se confrontar com um 9 no exame, a esta outra jovem que era aluna de 18 e se ficou pelos 12 e meio, na prova final. Num outro caso , uma outra aluna explica o fracasso com a facilidade do exame, o que não deixa de ser surpreendente. Diz estaoutra que - vou citar: “Achei o exame muito fácil, se calhar foi isso. Tinha média de 16 e agora tirei 13, 5.”
Uma conclusão, no mínimo curiosa e de longe menos interessante do que se tivesse acontecido o inverso, ou seja, se a aluna tivesse média de 13 e chegasse ao exame e arrancasse um 18… se bem que este último exemplo também aconteça, por vezes.
Há depois outros casos, como o deste jovem, que o jornal não diz que média trazia , mas que conseguiu um 18 na avaliação final. Ora bem, aqui o protesto é outro. Ele queria um 20 e é por isso que requer agora a revisão da prova. Mais, diz que se propõe ele próprio a fazê-la, para perceber onde é que o júri foi menos justo, ou correcto.
Citemos também este aluno da secundária D,.Maria, de Coimbra…
“Tive 18, mas queria 20...” - até aqui é de louvar a intenção… quem é que não quer um 20, seja qual for a tarefa a que se aventure?… quem se pode contentar com menos que isso?…
Pois continuemos. “...Se calhar foi na parte da composição em que era pedido para falar sobre a Liberdade , que os critérios de avaliação não me ajudaram.”
Ora portanto, a prova incluía uma composição, o que não é nada estranho, antes pelo contrário… O tema era a Liberdade, mas também lhe podiam ter pedido uma redacção sobre a chegada da Primavera, ou sobre as últimas férias de natal… o resultado seria o mesmo. Ou seja, não estamos aqui a falar de ciências exactas, onde 2 mais 2 têm pouca probabilidade de serem outra coisa que não um perfeito 4… estamos a falar da língua portuguesa e estamos a falar de um exercício de composição literária… E aqui, meus amigos… para chegar ao vinte, há quem gaste uma vida inteira e nunca lá chegue, não que isso, provavelmente impeça de continuar a escrever e ser até brilhante. O que dificilmente será o caso, se nos preocuparmos mais com a pose, do que com o conteúdo, ou se andarmos tão distraídos de nós próprios, ao ponto de nos confundirmos com outra pessoa. Diz o jovem aluno que se calhar foi da composição… pois se calhar foi mesmo. Se calhar nem podia ter sido outra coisa, palhaço!
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