quarta-feira, 8 de julho de 2009

o papa vai a todas, chispa-te ósório

Vem no DN, este título: “Economistas apoiam reforma da ONU defendida pelo Papa”.

Caridade na Verdade, é o nome em português da encíclica de Bento 16, divulgada ontem. E é a partir daqui que surge então a manchete . Diz o DN, que as propostas de Bento 16, para fazer face à situação económica e financeira mundial, têm o apoio dos técnicos, embora com algumas modificações. Acrescenta-se também que Jerónimo de Sousa, o secretário geral do Partido Comunista Português, defende que a origem do problema está no sistema capitalista e ponto final.

Agora, as propostas do Papa, que mereceram o apoio dos economistas, como anuncia o título…

Defende Bento 16 a criação de uma verdadeira autoridade política mundial, para sanear as economias atingidas pela crise, evitar o seu agravamento e desequilíbrios ainda mais profundos. Ora isto passa por uma reforma, não só do sistema económico, como das próprias Nações Unidas. Em Portugal, entretanto, César das Neves, economista , lembra que já João 23 defendia uma reforma da ONU…

Mas, para Bento 16, a nova ordem mundial tem que garantir uma supervisão da globalização, tendo, como objectivos prioritários, o governo da economia mundial, o desarmamento, a segurança alimentar, a protecção do ambiente e a regulação dos fluxos migratórios. Tudo isto haverá que consegui-lo a partir de um princípio básico e fundamental… a ética amiga da pessoa – palavras de Bento 16.

Esta encíclica, Caridade na Verdade, a 3ª do pontificado do papa alemão, surge na véspera de mais uma reunião do G8, que se realiza em Áquila, Itália, cidade destruída por um terramoto, nesta primavera.

E fiquemos-nos por aqui, que o essencial fica dito.

O resto, conseguir passar desta auspiciosa carta de intenções aos actos... À acção concreta... À realidade…

Ora, partindo do princípio de que nenhum líder mundial – ou pelo menos nenhum destes que compõem o Grupo dos 8 - alguma vez teria a coragem de prometer, ou propor qualquer coisa contrária, ao que o papa acaba de propor… ou seja, não sendo de prever, que algum defenda publicamente coisas como a corrida às armas, o desgoverno da economia, a barbárie no mercado alimentar, a destruição do ambiente, e a completa anarquia dos fluxos migratórios… nenhum deles teria coragem para o fazer, sendo que é justamente o contrário que defendem e garantem, pelo menos à boca do discurso… O que falta então? Ou, o que pode vir acrescentar, esta carta de intenções , que não esteja já nas declarações de princípios, de qualquer candidato a governante?... Ou antes, o que falta acrescentar?...

Talvez só um – “se deus quiser...”

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