quinta-feira, 9 de julho de 2009

oh Zé, não me fodas!

E entremos pela capa do Correio da Manhã, que é onde a história mereceu o título mais intrigante… Diz que a agência Lusa censurou, do texto da notícia, os insultos ao primeiro ministro. Ou seja, numa segunda versão da notícia foram apagadas as transcrições das frases insultuosas, gritadas ontem em S. Bento, contra o primeiro ministro, pelos 200 estivadores manifestantes.

Um responsável pela agência noticiosa – a agência pública, como lhe chama o Correio – justifica-se com o livro de estilo e que, transcrever à letra os insultos e o asneiredo proferido, não adiantava nada à história. Isso e referir as frases inscritas nos dorsais dos coletes reflectores vestidos pelos manifestantes. Também essa referência desapareceu do texto definitivo da notícia da Lusa. A agência nega qualquer pressão externa, para a alegada censura. Diz ainda o Correio, que num dos despachos da agência se lia que o primeiro ministro não achava que fosse dever de um político dar lições de boa educação, aos estivadores que lhe chamaram fascista… Ora, para quem viu e ouviu, ontem nas televisões as reportagens feitas à porta do Parlamento , sabe que foram ditas coisas bem mais desagradáveis que isso, palavras de ordem, que convocavam mesmo para a luta dos estivadores a própria mãe de José Sócrates, de forma imperativa e desagradável.

Houve também petardos a explodir e bombas de fumo, o que é de certa forma inédito, neste tipo de manifestações. A polícia teve mesmo de chamar a Equipa de Intervenção Rápida, just in case…

E desatei agora a falar inglês, por uma razão simples. Os coletes reflectores.

Confesso que não estou por dentro do assunto – o dos coletes reflectores em geral – mas, estou em crer que estes – estes que os estivadores ontem vestiram para a manifestação de S. Bento - não estejam à venda no mercado, ou seja, foi preciso mandá-los fazer, ou até adaptá-los artesanalmente para o efeito.

E o que diziam nas costas, estes coletes, era em inglês que o diziam… Num português conveniente, diziam: “não me arruínes o emprego”.

Porque é isso que está em causa… os estivadores foram à Assembleia da República protestar contra a lei dos portos. Acusam o Governo de querer entregar o trabalho portuário a empresas amigas, nomeadamente à Mota–Engil, do ex ministro Jorge Coelho…

Não me arruínes o emprego – portanto… só que em inglês. E não num inglês qualquer… digamos que… num inglês corrente, pelo menos corrente em certos círculos menos diplomáticos.

Agora, os jornais falam em insulto ao primeiro ministro… dão os exemplos mais evidentes… de fascista, a coisas piores e mais íntimas mesmo… o que fica por saber é porque é que os estivadores não imprimiram nas costas dos coletes esse mesmo protesto em português, que toda a gente percebe, a começar pelo próprio insultado e ofendido...

Há excelentes frases idiomáticas em português, que expressam exactamente a mesma coisa e de forma – acho eu – bem mais radical e truculenta.

Estariam os estivadores a acrescentar mais qualquer subtil e refinada referência jocosa ao tão falado e até glosado inglês técnico do primeiro ministro?...

Enfim , é possível… Lendo o que lá está escrito, mais técnico do que aquilo , só um manual de instruções, em inglês, claro.

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