E estava a aqui a folhear o I de trás para a frente, como ás vezes faço e tropeço de caminho nesta curiosa notícia.
Na secção de cinema, dá-se conta do Festival de Cinema Gay e Lésbico, cujo ciclo começa hoje em Lisboa. E diz o título, como sugestão, “os 10 filmes gay que todos os heterossexuais deviam ver antes de morrer”… são justamente 10 sugestões propostas pela Associação, que promove este ciclo de cinema temático… Enfim, temático?.... Para que não hajam duvidas, o jornal publica a definição de cinema Gay: ouçamos: o cinema , ou os filmes LGBT – sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais… ora os filmes LBGT – diz aqui – “podem ser de qualquer género e têm uma abordagem positiva da sexualidade, livre de estereótipos e preconceitos. Transmitindo a ideia de que qualquer opção sexual é normal.” Ora isto é o que está aqui escrito… que se transmite a ideia de que qualquer opção sexual é normal. Pois normal será, mas será legítima? E os pedófilos, e os necrófilos e os que sodomizam mulas e galinhas?!... E fiquemos por aqui, que já chega e sobra.
João Rendeiro, ex gestor do BPP é hoje uma vez mais notícia nas páginas do Público.
Rendeiro denuncia ataque pessoal - sendo que, como se verifica logo a seguir, é o próprio jornal Público, o alegado agressor. Vamos aos factos.
João Rendeiro… começa assim a prosa – “…considera um “ataque pessoal” a referência à possibilidade de ter pago despesas pessoais…” – dele próprio, claro – através de uma offshore do Banco Privado Português – e de que o Público deu notícia na sexta feira passada.
Responde o banqueiro que – abram-se aspas: “Considera a notícia, como sendo um ataque pessoal que constitui um dano à minha (dele) imagem, fazendo perigar a minha (dele) integridade física, bem como a da minha família…” Bem, já aqui há que parar. Perigo para a integridade física de João Rendeiro e família soa a filme de série B. Vendetta mafiosa, ou até mesmo, quem sabe, levantamento popular, se bem que, tendo em conta o estrato social e educação dos clientes, ou ex clientes do Banco, seja pouco provável que sejam gente de pegar em chuços e enxadas para sair à rua, a fazer justiça pelas próprias mãos… ainda bem e adiante.
A reacção de Rendeiro terá chegado ontem à redacção do Público, em forma de comunicado.
O jornal faz então questão em relembrar e enquadrar os factos. A notícia que indignou o banqueiro falava de um documento da Deloitte – empresa de auditoria - que dizia qualquer coisa como isto: citemos que é mais seguro – “Segundo nos informaram, uma destas offshores – que eram propriedade de empresas do grupo BPP – foi utilizada igualmente para o pagamento de uma dívida relativa a um processo judicial da esfera privada do Dr. João Rendeiro.” Fecham-se as aspas e a citação.
Diz o jornal que, antes de publicar esta notícia, perguntou ao banqueiro se queria pronunciar-se ou comentar… que não!
Agora, Rendeiro explica que o documento em causa é de uso interno do Banco e não foi auditado e que dizia apenas que – nalgumas despesas havia essa dúvida se teriam sido, ou não suportadas por uma sociedade offshore, que o banqueiro reconhece ter vendido ao BPP. Continua o banqueiro que, num documento confidencial endereçado ao Banco, a empresa auditora, a Deloitte, reflectia essa hipótese como algo a ser averiguado - é ainda Rendeiro a falar e continua… “que esse documento apresentava o assunto, no meio de mais uns quantos que se classificavam da maior importância na avaliação da posição financeira e patrimonial do Banco” e que, posto isso, havia a necessidade de uma investigação mais profunda e, eventualmente, comunicar as conclusões às autoridades competentes…
João Rendeiro continua depois, como se explicasse o funcionamento de qualquer coisa a uma criança que… tudo isso foi feito, ou está a ser feito, ou seja, o tal documento interno foi encaminhado pela Deloitte para a CMVM e para o Banco de Portugal, que os estão a analisar… portanto, remata Rendeiro definitivo… o Público terá usado uma questão que está a ser ainda investigada para a apresentar com conclusão de uma auditoria… e é por isso que Rendeiro promete recorrer à Justiça, exigindo a reposição da verdade e o ressarcimento dos danos…
Ora vamos lá a ver se a gente se entende!
A auditoria reflectiu ou não essa hipótese, como algo a ser averiguado e rapidamente e em força e a fundo, porque, a concluir-se que foram pagas despesas pessoais com dinheiros do Banco, isso pode ser de alguma importância nessas contas … a da real avaliação financeira e patrimonial do combalido BPP?...
E o jornal não diz que o que publicou foi que a auditoria da Deloitte referia a possibilidade? … Dizia que era preciso esclarecer se houve ou não ilícito…
Está em fase de averiguação, pois está e foi isso que o jornal disse, pelo menos hoje, quando reedita a história…
Então qual é a dúvida?!...
Claro que é um ataque pessoal! Não são denúncias para o ar. Neste caso há suspeitos identificados. E não é só o jornal quem tem dúvidas. É a própria auditoria, que já as fez seguir para a Comissão de Valores e para o Banco de Portugal, para que o crime, se o houve, não fique sem castigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário