O ruído!
Vamos a esta notícia do JN, que dá conta da abertura, ontem no Porto, do Congresso, o 6º Congresso Internacional sobre o Desejo…
O painel de convidados e oradores é tão variado quanto isto: inclui o professor Pinto da Costa, a actriz porno italiana Cicciolina e esta Margarida Menezes, presidente do recém-criado Clube português das Virgens. Um clube fundado há um ano e que defende, como o nome denuncia, a defesa da virgindade… pelo menos até se encontrar o príncipe sonhado… ou a princesa, a notícia não é clara neste ponto, mas admita-se que este Clube das Virgens, de Margarida Menezes, não seja assim tão exclusivo e possa eventualmente admitir homens, mancebos virgens… não se sabe e fica-se sem saber. O que se sabe, é que, apesar de oficialmente criado e apresentado ao mundo há um ano, o clube continua sem sócios. Margarida Menezes, a presidente, parece ser a única virgem representante da causa.
Mas era o ruído o que nos trazia aqui… e o jornal escreve que Margarida Menezes foi ontem a estrela da sessão… Por que disse coisas como, durante muito tempo ter pensado que a boca só servia para comer e não para beijar… e isto, se me permitem ultrapassa um pouco qualquer militância ou convicção filosófica… a boca serve também para falar, assobiar e outras coisas para além de mandar beijinhos e isso é já cultura geral.
Mas o ruído. Diz… melhor, escreve o JN que Margarida Menezes foi a estrela da sessão de ontem e que conseguiu emudecer uma audiência de centenas. Escreve o JN que uma sala inteira perdeu a expectoração que costuma assaltá-la em seminários similares… Uma sala inteira perdeu a expectoração! Que expressiva imagem!...
Daqui para a frente, bem pode o JN dizer que o encontro termina hoje com a intervenção de Cicciolina, que ontem o professor Pinto da Costa falou do desejo de não desejar viver e que disse também que para ele , mais importante e mais sagrada que a vida é a liberdade… daqui para a frente bem pode o jornal dizer que este Congresso do Desejo foi organizado pelo Espaço T, que é uma instituição que há 15 anos apoia a integração das minorias sociais e que o encontro se realiza no Seminário de Vilar, no Porto e que esta Margarida Menezes , presidente do Clube das Virgens explica a falta de sócios pela vergonha que muitas pessoas ainda têm de assumir a sua própria virgindade, com medo de serem apontadas como alguém que não tem vida social, ou como se diz em linguagem popular… um triste, um pobre de Cristo…
É escusado, daqui para a frente só conseguimos ouvir uma plateia irrequieta tossicando para um qualquer lenço metafórico a tal expectoração que o JN diz que é costume assaltar o público em seminários e conferências.
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