quarta-feira, 15 de outubro de 2008

População reclama mais médicos. É assim que o Correio da Manhã dá o alerta, em título à notícia que vem de Alpiarça, com carimbo de urgência.

Há já mesmo um abaixo assinado a correr na povoação reclamando melhores condições de assistência no Centro de Saúde local. O Correio da Manhã diz que a população de Alpiarça está a constituir uma comissão de utentes. Mais médicos e melhores condições de atendimento é o que se reclama.

E o jornal dá depois exemplos e relata episódios avulsos que ilustram o ponto da situação.

Do doente cardíaco que terá tido de se deslocar às Urgências de Santarém, com um princípio de enfarte, depois do médico do Centro de Saúde lhe ter negado assistência. Conta-se também que um outro doente terá esperado 8 horas por uma receita médica que no fim acabou por lhe ser negada. Não a receita, mas a própria consulta. Neste caso, adianta o jornal, quando pediu o Livro de Reclamações ter-lhe-ão respondido que se não estava contente com o serviço que subscrevesse o abaixo assinado que corre pela vila. Isto é o que conta o Correio da Manhã que garante que quando tentou conferir o ponto da situação com os responsáveis do Centro de Saúde lhe terá sido respondido que o director está de férias e só volta para a semana. Diz que também a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo se terá escusado a comentar a situação do Centro de Saúde Alpiarça.


Outra história que hoje corre pelos matutinos é a da saída de 12 médicos do Instituo da Droga e da Toxicodependência.

Segundo o Diário de Notícias, nos últimos meses houve 32 pedidos de saída, 13 dos quais autorizados e 19 ainda pendentes. O jornal lembra que deu conta do facto na altura e que na altura também José Goulão, presidente do Instituto, terá dito que, a aceitar todos os pedidos de saída, alguns centros de atendimento ficariam inoperacionais.

Bom , hoje a notícia é definitiva. O próprio presidente José Goulão admite aos jornais, que 12 médicos terão já saído mesmo, do Instituto da Droga e da Toxicodependência.

A razão é simples . Tanto José Goulão, como a própria ministra Ana Jorge da Saúde já fizeram questão de esclarecer toda a gente. Os médicos são funcionários públicos e como tal estão a usar a lei da passagem à disponibilidade, que é um direito que têm – disse ontem a ministra. José Goulão diz que são as janelas de oportunidade. José Goulão disse ontem à Agência Lusa, que esses 12 médicos cujos pedidos de saída foram aceites não estão insatisfeitos com nada em especial. O que estão a fazer é a aproveitar a janela de oportunidade da mobilidade especial . Quanto a Ana Jorge, uma vez mais, diz também que estas mudanças não são um desinvestimento , mas um investimento de forma diferente.

Ora nada garante que a mobilidade especial destes 12 médicos os leve eventualmente a Alpiarça, onde já se viu que eles estão em falta.
Do resto é quase uma questão filosófica. Para uns o copo está meio cheio, para outros, meio vazio.


E esta é uma matéria que pontua em todos os jornais, sendo que os títulos deles todos não fogem muito disto: Associação de Bioética defende referendo sobre a eutanásia. É o que escreve o JN. Um referendo sobre a morte medicamente assistida na próxima legislatura e após um período de debate plural e participado. O anúncio foi feito ontem no Porto, pelo presidente da Associação Portuguesa de Bioética.

O Público adianta que a questão a colocar aos portugueses no desejado referendo ainda não está pronta. Sabe-se só que, segundo Rui Nunes, o presidente, a palavra eutanásia não deverá constar do enunciado. Antes, mais qualquer coisa dentro do “concorda ou não com a liberalização ou legalização da morte medicamente assistida”...

O 24 Horas garante por seu lado e entretanto que o modelo defendido pela Associação Portuguesa de Bioética é o holandês. Em sub-título explica-se que os doentes terminais podem pedir a morte medicamente assistida, já os menores e os desencantados – como lhes chama o 24 – esses , não. Para o presidente da Associação de Bioética há que deixar de fora os doentes incapazes de uma decisão, como é o caso dos doentes em estado de coma. De fora também os recém nascidos, as crianças e adolescentes, bem como os deprimidos, ou aqueles que pedem a eutanásia devido a sentimentos de abandono familiar ou exclusão social. Na fotografia que o jornal publica, Rui Nunes garante, entretanto, que os médicos portugueses mostram já uma maior abertura a este tema.

O Correio da Manhã, por seu lado, assegura que a proposta de referendo vai ser apresentada ainda esta semana em S. Bento. Espera-se então que o debate suba a discussão parlamentar na próxima legislatura.

Ora o Diário de Notícias é quem abre o espaço maior na edição de hoje a esta matéria. As centrais. Em letra grande e negra anuncia-se o que já vos tinha dito, que a Associação de Bioética quer referendo à eutanásia.

Continua-se em sub título que a Lei para pôr termo à vida não pode ser decisão do estado.

Em ante-título fala-se de morte a pedido e que é um tema fracturante o que a Associação de Bioética pretende introduzir, ao lançar o debate na sociedade portuguesa. Diz também que para o bastonário da Ordem dos Médicos tudo isto é um redondo disparate – lá pelo corpo da notícia fica-se a perceber que, para o bastonário Pedro Nunes, é um disparate porque “não há necessidade nenhuma de provocar um debate dessa natureza, pois a eutanásia é um debate do passado”. No presente, o bastonário defende e aposta numa boa rede de cuidados paliativos. Pedro Nunes vai mesmo mais longe – vertiginosamente mais longe, diria… diz Pedro Nunes, que é muito perigoso legitimar a eutanásia, pois “mais tarde ou mais cedo, ia levantar-se a questão de se o médico está interessado em tratar o doente, ou em que ele morra o mais depressa possível, para poupar dinheiro ao Estado”. Paremos só um segundo para reler esta afirmação… diria mesmo esta aflição do bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes- “mais tarde ou mais cedo...” ( estou a manter as aspas do DN) “...mais tarde ou mais cedo levantar-se-ia a questão de se o médico está interessado em tratar o doente, ou em que ele morra o mais depressa possível para poupar dinheiro ao Estado.”

Já está, adiante!

O Diário de Notícias – já que o assunto há-de subir a apreciação parlamentar – o DN foi também perguntar a alguns deputados o que pensam sobre o assunto. E as respostas são esclarecedoras. Primeiro as perguntas, se bem que para o caso pareça um pouco irrelevante o que se pergunta. Mas vá lá. “Concorda com a realização da eutanásia medicamente assistida?” Segunda pergunta: “concorda que se faça um refendo nacional?…”

Maria de Belém Roseira, do PS, acha que o tema é demasiado complexo para uma resposta tão simples; quanto ao referendo, alerta para o fantasma da abstenção.

Para João Semedo, do Bloco de Esquerda, o problema é a palavra eutanásia. Diz que não concorda. Morte medicamente assistida é outra coisa. Acha bem que se faça uma lei sobre a matéria. Refendo também não, porque a questão envolve direitos individuais.

Teresa Caeiro, do CDS PP, diz que qualquer discussão sobre eutanásia deve ser feita com seriedade. Diz que para isso é preciso resolver todas as opções anteriores. Do referendo diz que os portugueses já mostraram que não têm grande apreço por esse tipo de consultas. Enfim não chega a responder a nenhuma das perguntas, mas concordemos que o faz com alguma elegância.

Agora Carlos Miranda, do PSD. Acha que não é absolutamente indispensável que se recorra ao referendo nesta matéria. E quanto a esta matéria e a título pessoal, diz Carlos Miranda que tende a ser favorável à eutanásia – a palavra não o assusta como ao colega do Bloco de Esquerda, mas há um senão. Para Carlos Miranda, a eutanásia medicamente assistida sim, mas desde que devidamente acompanhada. Que parte da palavra assistida é que o deputado não percebeu?!!

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