É o título e manchete do Diário de Notícias:”Pensões acima de 611 euros perdem poder de compra.”
Passemos adiante a questão de perceber que poder de compra sobra, aos que recebem menos de 611 euros de pensão. Fiquemos só na chamada de capa do DN, que diz que os reformados, que recebem entre os tais 611 euros de pensão e os 2445, vão receber um aumento de 2,4% - inferior à inflacção prevista, que é 2,5 - e daí o dizer-se que vão perder poder de compra.
Os que recebem até 4889 euros serão aumentados em 2,15%... um pouco menos, portanto.
E os outros?! Perguntar-se-à… Pois os outros, diz o jornal, receberão aumento zero. Ou seja, não recebem aumento nenhum. Falta só esclarecer – talvez e se quisermos ser ingénuos – falta só saber de que outros estamos a falar... Dos que recebem mais de 5 mil euros de pensão? Ou dos que recebem menos de 600 euros?
O Público é mais discreto. Diz assim: “Professores fazem música de louvor ao Magalhães e colocam-nas no Youtube.”
O 24 Horas, esse faz a festa logo na capa: “Professores ridicularizados por causa do Magalhães.” O Magalhães, claro que é o computador. Em antetítulo à manchete, o 24 explica que a acção de formação pôs os docentes a cantar e a dançar canções de propaganda ao computador.
Regressemos ao Público. Foram 850, entre professores e coordenadores de Tecnologias de Educação e Informação, os convocados para essa tal Acção de Formação que decorreu, durante dois dias e pelo pais fora. Um dos professores terá filmado com o telemóvel, uma dessas acções e colocou as imagens na Internet. Dentro do contexto, pode dizer-se que está a ser um sucesso.
Vamos aos factos, tal como os relata o jornal.
Foi nos dias 25 e 26 de Setembro que 200 professores se reuniram, no caso descrito por este professor, em Cantanhede para a tal acção de formação. Acontece que lhes foi entretanto pedido que inventassem uma canção que falasse do Magalhães. Desde o Malhão do Magalhães, até a versões adaptadas de outras cantigas conhecidas, como a Grândola de José Afonso… e com coreografia. Com encenação dramática. Por exemplo, a Grândola… no filme que corre na Net podem ver-se os professores sentados numa escada, fingindo que remam, enquanto cantam qualquer coisa como: “um PC de encantar, que já não há volta a dar, veio para ficar...” Ou então, com outra música também conhecida, mas que para o caso pouco interessa, e onde se cantava que – subentende-se o Magalhães – “a trabalhar é um desembaraço, para nós foi uma alegria, para dar mais um passo , com esta nova tecnologia…” Diz o professor, que teve de sair a meio, farto do que chamou um “circo ridículo”. Queixa-se ainda de que os formadores nem português falavam, tirando um deles, que era brasileiro. Foi preciso um intérprete. Os formadores, no caso, eram 3 senhoras, que vieram dos Estados Unidos, da INTEL, a empresa que fabrica e vende o Magalhães em bruto e aos bocados.
Ora, um responsável português da INTEL disse ao Público, que as 3 senhoras são professoras "especialistas na utilização das novas tecnologias na sala de aula e no método colaborativo". Diz que foi pedido aos participantes que entrassem num jogo, que pode ser desenvolvido nas salas de aula, por crianças de 6 , ou 10 anos...
O sindicato dos professores não se manifesta por enquanto, porque diz que não tem nenhuma denúncia do caso. Já o Ministério da Educação terá prometido ao 24 horas e consta que depois de muita insistência uma reacção da parte do Plano Tecnológico. Uma reacção que ainda não terá chegado à redacção do jornal, pelo menos, não até à hora do fecho da edição. Não chegou ao 24 , mas chegou ao Público e a resposta foi que, para os professores, estas acções de formação constituíram uma “mais valia”.
Ora, pois se não mais valia... Oh Sócrates, atina, pá!
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