segunda-feira, 21 de julho de 2008

É o rosto da capa do 24 Horas desta segunda feira. O maior traficante de droga português, que acaba de ser detido pela Judiciária, depois de ter andado fugido algum tempo e com mandato de captura passado pelas polícias de Portugal e Espanha. Um dos principais barões do narcotráfico da península ibérica, como lhe chama o jornal. Em 96 já tinha sido preso aliás, em Cadiz, à ordem do juiz Baltazar Garzon, acusado de chefiar uma rede internacional de tráfico de droga. A primeira detenção remonta a 1976, por assalto à mão armada. Depois disso, entre fugas em saída precária e novas detenções, o role de acusações é variado. Desde o tráfico de droga, como já vimos, a ataques bombistas. No intervalo das fugas e detenções foi estrela por um dia, numa entrevista que deu a uma televisão. O programa chamava-se "Casos de Polícia". A polícia deve ter visto o programa e, ou porque de facto não sabia e ficou a saber onde ele estava, ou porque se sentiu um pouco talvez humilhada perante o desplante da entrevista, a verdade é que, passada uma semana, o voltou a prender. E, ao todo, passou já mais de 18 anos preso e, na semana passada, em Ponte da Barca, voltou a ser detido, diz que, sem opor resistência, quando saía de um super mercado. O jornal diz que se fazia transportar num jipe topo de gama e que comunicava com um telemóvel de satélite, para não ser localizado. Enfim, privilégios e ossos do ofício…

Agora… qual é a sensação de olhar assim nos olhos – mesmo em fotografia – o maior traficante de droga português?.. O barão do narcotráfico ibérico?... O homem que já atracou o iate particular em Viana do Castelo, com uma tonelada de cocaína a bordo? Qual a sensação de estar assim frente a frente, mesmo em fotografia, com este Pablo Escobar minhoto?... Nenhuma. Ou perto disso. Ou seja, se a legenda dissesse que este homem, que aqui vemos na capa, cabelo cortado rente, cigarro ao canto da boca, óculos e bigode era, por exemplo e absurdo, o novo coordenador nacional da luta contra o narcotráfico, a gente acreditava, sem esforço.

Como também não custa a acreditar – por razões outras, mas não menos óbvias – que, como diz o 24, ainda – a principal proveniência das armas ilegais, que andam aí pelo mercado negro, tem origem nas Forças Armadas, GNR e PSP. O roubo de armamento militar, garante o jornal, tem sido constante nos últimos anos.

Em legenda e subtítulo, o 24 Horas diz que há vários processos-crime, que estão instaurados a militares, que dizem que perderam a armas, mas que, todas as suspeitas apontam para que as tenham vendido para contrabando e até mesmo a gente com cadastro pouco recomendável.

O que seria mais difícil de acreditar seria que um criminoso do gabarito do nosso barão tivesse cara de bandido e mesmo assim conseguisse governar a vida, ou que as armas de guerra que andam por aí ilegais tivessem sido compradas com recibo e garantia, num qualquer supermercado, ou loja de ferragens…

No Correio da Manhã: “Médico tenta matar e volta ao trabalho.” Uma destas!?...

O médico em questão trabalhava em Alverca, no Centro de Saúde. É daí e do período entre 2004 e 2006, que remontam os factos. E os factos têm o seu episódio mais gritante em 2005, quando este médico agrediu um vizinho à machadada. Já no ano anterior corria um abaixo-assinado, dos vizinhos, contra o comportamento estranho deste médico. Consta aliás que foi em reacção a essa denúncia, que o médico terá agredido o vizinho com um machado.

Um comportamento já explicado e identificado clinicamente. O médico é esquizofrénico e precisa de tratamento psiquiátrico. Diz o jornal, que o Ministério Público, baseando-se nos pareceres clínicos, deu-o como inimputável. Ou seja, quanto ao processo, às acusações de ofensa, difamação, ameaça de agressão e tentativa de homicídio… pois, arquive-se! A Ordem dos Médicos diz que ainda não recebeu o despacho, onde este homem é considerado perigoso e que deve ser submetido a uma Junta Médica rigorosa. O bastonário diz que esse é o procedimento a seguir. Primeiro recebe-se o despacho do Ministério Público e depois convoca-se a Junta Médica. Se a conclusão for a de que o médico está impróprio para a função, então aí a Ordem pode retirá-lo de serviço…Portanto, como a Ordem ainda não recebeu a comunicação oficial, este médico, para todos os efeitos práticos e legais, pode voltar ao trabalho e é o que vai acontecer, a partir de 12 de Agosto.

Mas ainda não acabou. Falta o toque de requinte nesta história. O jornal diz que, este médico psicótico e paranóico, vive actualmente com uma jovem, doente psiquiátrica, ela também e que, o filho que entretanto nasceu dessa relação, esteve para ser entregue a uma instituição por denúncia ou suspeita de maus-tratos. O jornal diz ainda e entretanto que a anterior residência deste médico foi entregue a um outro filho. Doente. Um filho doente. Quanto à anterior mulher … já morreu. Terá morrido o ano passado e diz o Correio da Manhã que o corpo esteve 6 meses na morgue à espera de ser identificado.

A notícia não diz, mas num cenário destes é muito provável que no Inverno, lhe chova em casa, também.


Pois então: urtigas, beldroegas, dente-de-leão, alfaces de todas as cores e texturas, tomatinhos-bébé, cebolinhos, alecrim, alfazema, orégãos… de tudo um pouco, semeado pelos 1500 metros quadrados de estufas, que esta empresária de sucesso se orgulha de ter, em Vila Real de Trás os Montes.

O nome, para o caso seria quase irrelevante, mas se fazem caso, chama-se Graça Soares, tem 38 anos e uma licenciatura em Zootecnia. No entanto, e apesar da formação académica, é nas ervas finas que, há muito, se empenha de corpo e alma. “Ervas Finas” é aliás, o nome que escolheu para a empresa que gere e que já mal consegue dar conta das encomendas. Encomendas que lhe chegam da hotelaria topo de gama nacional e também de Espanha. Foram anos a recolher e coleccionar ervas de toda a espécie. Ervas, flores e legumes. Diz a notícia que a empresa de Graça Soares vende flores comestíveis e microvegetais, para os luxuosos restaurantes e hotéis do norte. O título anuncia, aliás, que as ervas finas de Graça Soares são vendidas como produto de luxo, calcula-se que com um preço a condizer com a condição e estatuto. Chamam-lhe pomposamente – “Frescos Gourmet” e garante-se que são cultivados no respeito pelas regras mais exigentes da agricultura biológica. Por aí poderia chamar-se Frescos Biológicos, ou Frescos Naturais, ou outra coisa qualquer, que sublinhasse essa garantia de qualidade. Mas não. Chamam-se “Frescos Gourmet”, o que, pelo senso comum, nos leva a concluir que , para além dos nomes artísticos e do tamanho dos espécimes… tomatinho bebé , cenourinhas miniatura, cebolinhas do tamanho de berlindes… para além disso, calcula-se que os produtos se vendam embalados em vistosas e elaboradas embalagens, com literatura explicativa e o selo que os classifica nesse panteão de honra, dos produtos Gourmet. Gourmet, que em português quer dizer: gastrónomo, apreciador de bons petiscos, provador de vinhos, isto segundo o Dicionário de Olívio de Carvalho, para a Porto Editora.

Donde se conclui, que o dicionário Francês – Português da Porto Editora está mesmo a pedir uma revisão urgente. Gourmet, em português, cada vez mais, quer dizer… uma coisa qualquer, eventualmente de tamanho reduzido, ou em versão anã, desde que embalada em doses mínimas e papel vistoso, para ser vendida a um preço disparatado, a pessoas de gosto requintado e pouco apetite.

É sempre bom fomentar o requinte e o bom gosto das pessoas. Que uma pessoa educada no bom gosto tem outro trato, outro panache, já que estamos em maré de galicismos… O problema é, com os ordenados gourmet da maior parte da população, não sobra grande margem para essas francesices…

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