A óptica do utilizador – expressão muito utilizada em informática…
E a expressão nem é despropositada, já que a questão, aqui, também passa muito pelos computadores.
Merece duas páginas na edição de hoje do Público.
E diz assim:
“Vai a pirataria matar a cultura? E a FNAC?”
E a expressão nem é despropositada, já que a questão, aqui, também passa muito pelos computadores.
Merece duas páginas na edição de hoje do Público.
E diz assim:
“Vai a pirataria matar a cultura? E a FNAC?”
Obviamente que a questão não é se a pirataria ou a FNAC, qual delas pode vir a matar a cultura!...
O despacho vem de Paris e continua… “Numa era em que os consumidores têm acesso gratuito, através da Internet, a jornais, filmes ou jogos” ( e num futuro próximo “a livros e filmes” também) “importa questionar qual o futuro das indústrias culturais.”
A correspondente do Público, em Paris, falou com o presidente da FNAC, Denis Olivennes, que acredita que o futuro depende da regulamentação.
Ora bem, a FNAC, que abre hoje mais uma loja na área da grande Lisboa e, ainda esta semana, mais outra em Braga, queixa-se de que as vendas estão a baixar, por causa das trocas de ficheiros gratuitos através da Internet. Diz que as receitas de quase 5 milhões de euros do ano passado podem ser afectadas por esta selvajaria cibernética.
É um território sem lei, queixa-se Olivennes. A pirataria e a oferta gratuita de produtos culturais é o resultado do capitalismo selvagem, o que neste caso e para a companhia que representa… é mau.
Enfim, talvez o não seja tanto para os beneficiários directos dessa facilidade de acesso aos tais bens culturais… Também é verdade que muitos artistas – mais na área da música – ou estão a rescindir contractos com algumas majors do mercado, ou a começar a gerir o próprio produto desde o momento da criação até ao balcão da loja, sem intermediários, ou simplesmente colocam os trabalhos na rede, para download gratuito, ou a troco do que o comprador achar justo, como preço… Para selvajaria, parece uma selvajaria simpática, quase!
A verdade também é que a Indústria sabe, que não é multando estes novos piratas que se vai conseguir estancar a sangria; mas, hábitos velhos morrem devagar e ainda não conseguiu, a Indústria, encontrar a solução que a resgate deste capitalismo selvagem que a ameaça.
O que a Indústria não sabe é que ninguém prefere um ficheiro, descarregado da Internet, a um disco prensado em fábrica, com capa cuidada e a cores, folheto incluso com informação e bonecada … a menos, claro, que a Cultura, em si, se apresente com outras urgências e , à falta de melhor, o consumidor prefira mesmo assim , uma cópia eventualmente de pior qualidade e sem tantos atavios, mas que lhe permita o acesso a esses produtos, do que ter de prescindir deles por falta de dinheiro.
Mas não nos dispersemos.
Regressemos ao título.
“Pode a pirataria matar a cultura?” Portanto a pergunta é: pode a troca ilegal de ficheiros, fotocópias e outros suportes matar o fenómeno cultural? Fenómeno cultural, que poderíamos, grosseiramente, definir como a troca descomprometida e sem grandes preocupações de lucro, de toda a informação, de toda a inteligência, de todo o génio humano… poderá essa divulgação, feita sem constrangimentos de mercado, matar a cultura?... Fazê-la chegar o mais longe possível e tendencialmente a custo zero, pode matar a própria cultura? É bem possível...
O despacho vem de Paris e continua… “Numa era em que os consumidores têm acesso gratuito, através da Internet, a jornais, filmes ou jogos” ( e num futuro próximo “a livros e filmes” também) “importa questionar qual o futuro das indústrias culturais.”
A correspondente do Público, em Paris, falou com o presidente da FNAC, Denis Olivennes, que acredita que o futuro depende da regulamentação.
Ora bem, a FNAC, que abre hoje mais uma loja na área da grande Lisboa e, ainda esta semana, mais outra em Braga, queixa-se de que as vendas estão a baixar, por causa das trocas de ficheiros gratuitos através da Internet. Diz que as receitas de quase 5 milhões de euros do ano passado podem ser afectadas por esta selvajaria cibernética.
É um território sem lei, queixa-se Olivennes. A pirataria e a oferta gratuita de produtos culturais é o resultado do capitalismo selvagem, o que neste caso e para a companhia que representa… é mau.
Enfim, talvez o não seja tanto para os beneficiários directos dessa facilidade de acesso aos tais bens culturais… Também é verdade que muitos artistas – mais na área da música – ou estão a rescindir contractos com algumas majors do mercado, ou a começar a gerir o próprio produto desde o momento da criação até ao balcão da loja, sem intermediários, ou simplesmente colocam os trabalhos na rede, para download gratuito, ou a troco do que o comprador achar justo, como preço… Para selvajaria, parece uma selvajaria simpática, quase!
A verdade também é que a Indústria sabe, que não é multando estes novos piratas que se vai conseguir estancar a sangria; mas, hábitos velhos morrem devagar e ainda não conseguiu, a Indústria, encontrar a solução que a resgate deste capitalismo selvagem que a ameaça.
O que a Indústria não sabe é que ninguém prefere um ficheiro, descarregado da Internet, a um disco prensado em fábrica, com capa cuidada e a cores, folheto incluso com informação e bonecada … a menos, claro, que a Cultura, em si, se apresente com outras urgências e , à falta de melhor, o consumidor prefira mesmo assim , uma cópia eventualmente de pior qualidade e sem tantos atavios, mas que lhe permita o acesso a esses produtos, do que ter de prescindir deles por falta de dinheiro.
Mas não nos dispersemos.
Regressemos ao título.
“Pode a pirataria matar a cultura?” Portanto a pergunta é: pode a troca ilegal de ficheiros, fotocópias e outros suportes matar o fenómeno cultural? Fenómeno cultural, que poderíamos, grosseiramente, definir como a troca descomprometida e sem grandes preocupações de lucro, de toda a informação, de toda a inteligência, de todo o génio humano… poderá essa divulgação, feita sem constrangimentos de mercado, matar a cultura?... Fazê-la chegar o mais longe possível e tendencialmente a custo zero, pode matar a própria cultura? É bem possível...
E cá estamos na tal coisa da óptica do utilizador, porque, é claro que se falarmos da Indústria da Cultura, aí o cenário pode ser diferente! Mas também a Indústria é a Indústria, problema de industriais, enfim, outra guerra, outro cenário.
Ponto dois: E, num cenário tão negro e desregrado, que industrial de bom senso é que teima em abrir lojas condenadas à falência?
Ponto terceiro e último:
Saberiam os corsários espanhóis, os piratas da coroa inglesa, os terríveis flibusteiros de todas as Caraíbas que, em pleno século XVI e assim de sabre nos dentes e muitas vezes mal alimentados, estavam a inaugurar a era do capitalismo selvagem? … Ou que estariam, ainda que por diferida influência, a provocar a queda dos grandes industriais da cultura do século XXI e, mais grave que isso, quem sabe, a mergulhar o mundo e toda a Humanidade numa nova era de obscurantismo e ignorância?!...
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