quarta-feira, 1 de março de 2006

Por isso não ouviu o tiro, nem o grito, nem o baque seco e desconjuntado do corpo a cair.
Foi só quando desligou o aspirador que estranhou o silêncio.
O próprio canário tinha parado de cantar, encavalitado, muito direito, no poleiro da gaiola.
E, se isso fosse possível, parecia que o silêncio vinha justamente do quarto de dormir.
Daí, precisamente.
Endireitou-se, segurando caído, ainda na mão, o tubo do aspirador.
Rosto afogueado e perplexo. O suor brilhando no pescoço.
Visto assim, parecia quase o Exterminador Implacável.

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