As iscas
Eu quero sentir a sensação das iscas
ao mergulhar no óleo que ferve na frigideira!
Eu quero sofrer, mirrar como elas
o que elas sofrem e mirram!
Quero ser o óleo que ferve
e a frigideira que o contém,
quero ser o fogo que ferve o óleo
que frita as iscas!
Quero e não quero,
eu sou o que já não sou,
eu digo o que já não digo!
Eu quero não ser,
não dizer,
não querer,
não, não, queijo, queijo,
queijo não,
eu quero é iscas!
Eu quero ser o dente que morde o pão!
Eu quero ser o pão e o dente que o trinca!
E quero ser o homem que trinca o pão,
eu quero ser o momento
em que o homem ferra o dente sobre o pão
e sobre a isca
e sobretudo
se for de Inverno
e mesmo que esteja frio
e os barcos fiquem no rio,
parados, sem navegar,
eu quero ser o Rossio,
a Graça, o Lumiar,
o sítio onde houver a tasca.
Eu quero ser a tasca
e o homem que nela entra
e pede uma isca no pão!
E quero ser a isca e o pão!
E o acto de fritar, de partir, de mastigar,
de engolir, de digerir, de defecar !
Eu quero ser a alegria, a satisfação,
a plenitude angélica desse homem
que come a isca no pão !
Quero ser esse Zen, essa ventura,
ou mesmo a azia do óleo da fritura !
Quero ser tudo a um tempo,
a azia da isca e o prazer,
a plenitude e o fígado fodido e o copito de branco e o arroto
e a nota amarrotada sobre o balcão
e o troco e o bolso
onde esse troco for guardado !
E quero sentir a sensação
das moedas de vinte e cinco tostões a tilintar !
Eu quero ser os atacadores do sapato
do homem que come a isca !
Eu quero ser o fado Hilário !
Eu quero ser tudo ao contrário
e ser a isca e comer um homem à dentada,
e ser pão e comer uma frigideira à dentada,
e ser óleo e fritar moedas
de vinte e cinco tostões à dentada !
HOP LÁ HEI HOP EIA !
UPA HIP HOP HUPA !
Eu sou o cruzamento de todas as linhas !
Eu sou eu !
Eu sou um dos meus muitos outros !
Eu sou o que ainda foi !
E quando morrer, quero ser enterrado com batatas!
Eu quero sentir a sensação das iscas
ao mergulhar no óleo que ferve na frigideira!
Eu quero sofrer, mirrar como elas
o que elas sofrem e mirram!
Quero ser o óleo que ferve
e a frigideira que o contém,
quero ser o fogo que ferve o óleo
que frita as iscas!
Quero e não quero,
eu sou o que já não sou,
eu digo o que já não digo!
Eu quero não ser,
não dizer,
não querer,
não, não, queijo, queijo,
queijo não,
eu quero é iscas!
Eu quero ser o dente que morde o pão!
Eu quero ser o pão e o dente que o trinca!
E quero ser o homem que trinca o pão,
eu quero ser o momento
em que o homem ferra o dente sobre o pão
e sobre a isca
e sobretudo
se for de Inverno
e mesmo que esteja frio
e os barcos fiquem no rio,
parados, sem navegar,
eu quero ser o Rossio,
a Graça, o Lumiar,
o sítio onde houver a tasca.
Eu quero ser a tasca
e o homem que nela entra
e pede uma isca no pão!
E quero ser a isca e o pão!
E o acto de fritar, de partir, de mastigar,
de engolir, de digerir, de defecar !
Eu quero ser a alegria, a satisfação,
a plenitude angélica desse homem
que come a isca no pão !
Quero ser esse Zen, essa ventura,
ou mesmo a azia do óleo da fritura !
Quero ser tudo a um tempo,
a azia da isca e o prazer,
a plenitude e o fígado fodido e o copito de branco e o arroto
e a nota amarrotada sobre o balcão
e o troco e o bolso
onde esse troco for guardado !
E quero sentir a sensação
das moedas de vinte e cinco tostões a tilintar !
Eu quero ser os atacadores do sapato
do homem que come a isca !
Eu quero ser o fado Hilário !
Eu quero ser tudo ao contrário
e ser a isca e comer um homem à dentada,
e ser pão e comer uma frigideira à dentada,
e ser óleo e fritar moedas
de vinte e cinco tostões à dentada !
HOP LÁ HEI HOP EIA !
UPA HIP HOP HUPA !
Eu sou o cruzamento de todas as linhas !
Eu sou eu !
Eu sou um dos meus muitos outros !
Eu sou o que ainda foi !
E quando morrer, quero ser enterrado com batatas!
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