quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006


3ª missiva
de Belfaghor
para a minha morte



& uma certa manhã acordas
‘ssim meio sobressaltado
& está um bicho medonho
deitado mesmo a teu lado
& olha-te c’um ar sinistro
que arrepia só de vê-lo
tu calculas qu’ele seja
a sombra de um pesadelo
& ao tentares te levantar
ele esboça um movimento
& é como se o mundo inteiro
parasse nesse momento
tu perguntas o que é isto
o que foi que aconteceu
& ele olha-te nos olhos
com um ar de desafio
& aí sentes as tuas costas
rasgadas por um calafrio
& tu rogas uma praga
& um eco dentro de ti
ressoa como uma voz
que cinicamente se ri
& se levantas o braço
p’r’afugentar a visão
sentes uma garra de aço
a apertar-te o coração
& o olhar do intruso
trespassa-te lado a lado
& todo o teu corpo treme
com um frémito gelado
& aí perdes a força
aí perdes a coragem
& entregas-te em rendição
e deixas-te ir na voragem
& ele sorri satisfeito
& c’um hálito azedo
vem sussurrar-te ao ouvido
meu filho não tenhas medo
& tu fechas os teus olhos
& com um sorriso terno
essa estranha personagem
te levará p’ró Inferno

1 comentário:

Anónimo disse...

oxalá tenha olhos verdes...