terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

lua. 25/2/91



não é a alma coisa vaga
ou a mente sublime embuste
é o espírito ele próprio
desancado quase morto

sempre as palavras sempre plural
destilado veneno do Mal


não é a Vida
o leito intranquilo
não será decerto o sonho roubado
ou a sua revolta


caminhando semeando máscaras
- usar & deitar fora -
roupas certezas devoções

nem o silêncio das pedras
a sua imobilidade
tudo parece ser aparente
aparentemente

descrente de tudo contudo de acordo
num supremo esforço de boa vontade

o gosto do sangue no fundo da garganta

um manso desejo sinuoso
a mão que empunha a faca
& a empurra com luxúria
para dentro

no centro da sala o corpo caído
o silêncio de pedra gela o ar
estilhaça todos os espelhos

a escrita é um código cerrado
falar
um monumental engano

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