quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006




Luzes molhadas do outro lado do
vidro
olhos d’água
a língua negra
do asfalto
noite lenta por entre a sombra
das luzes
corre o frio recorte do comboio
fricção de rodas nos carris
trovejar de ferro contra ferro
personagens silenciosas
cada qual na sua vida
é uma e tal da manhã
hora em que nada acontece
levanta a gola
mãos nos bolsos
(vejo-a) triste a morte
desce(ndo) do comboio
em movimentos sinuosos
de gato preto.

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