sexta-feira, 17 de julho de 2009

mais que brilhante, uma ideia reluzente!

O Diário de Notícias puxa a matéria para a primeira página e é a negro carregado, que o título anuncia, que os médicos portugueses vão ser pagos para reduzir as listas de espera do cancro…

Enfim, não é certo. É só uma hipótese… aliás, uma das hipóteses em aberto.

Ora, no essencial, o que se passa é o seguinte. Disse Pedro Pimentel, ao DN – Pedro Pimentel é o coordenador das doenças oncológicas… Disse então que está a ser estudada uma solução, para diminuir os tempos de espera por uma cirurgia, em casos de doenças oncológicas. Neste momento já ninguém tem dúvidas que, em 5 dos 11 hospitais, com maior actividade cirúrgica, 40% dos doentes espera mais do que a lei prevê e determina. A conclusão é oficial e é subscrita pelo Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia--- o SIGIC, com quem aliás, este programa está a ser estudado.

E o programa…. A ideia… passa então por atribuir incentivos às unidades do Serviço Nacional de Saúde e às respectivas equipas médicas… ou seja, segundo Pedro Pimentel… “contratualizar produção adicional às unidades através de incentivos às equipas médicas”… soa a horas extraordinárias… como quando um empreiteiro precisa de acabar uma obra mais depressa para uma qualquer inauguração, ou quando há uma qualquer urgência em descarregar um contentor, num armazém de secos e molhados… ressalvando, claro está, todas as distâncias e diferenças. A começar pela própria matéria prima em questão.

Mas, neste caso, "contratualizar produção adicional" soa a que, da mesma forma, se houver dinheiro para pagar umas horas extraordinárias, o problema das listas de espera resolve-se.

O próprio responsável, Pedro Pimentel, reconheceu, às televisões, que está convencido que o Serviço Nacional de Saúde tem condições instaladas para o fazer.

Mas!

Diz aqui que… mas.

Mas , outra solução será talvez a mais provável…

Um programa semelhante ao da cirurgia da banda gástrica, em que se propõe o pagamento de um pacote de tratamento completo, que inclui as consultas, a cirurgia, o internamento e eventualmente a quimioterapia, ou radioterapia… Acrescenta-se que, se a ideia for aprovada pelo Ministério da Saúde, entrará em vigor para o ano e – espera-se – vai acabar com os atrasos na resposta.

E, pelo que aqui está escrito, esta será a opção mais provável.

Na prática, explica-se entretanto, as unidades receberiam determinada verba, organizariam os recursos necessários e teriam de assumir resposta num tempo pré-determinado, de acordo com as recomendações…

Ora, do que se sabe, as recomendações já são conhecidas e há, ao que parece uma percentagem razoável de casos em que de pouco servem…. As recomendações. Lembram-se? Em 5, dos 11 hospitais com maior actividade cirúrgica, 40% dos casos ultrapassa o tempo de espera, que essas mesmas recomendações determinam… aliás , mais que recomendações, trata-se de uma portaria – que o meu dicionário diz que é um diploma oficial assinado por um ou mais ministros, em nome do Chefe do Estado.

Mas não. Considera Pedro Pimentel que – nas condições que vimos… pagando de avanço todo o processo -o pacote, como lhe chamaram… o pacote de tratamento… aí, as unidades já conseguiriam organizar as equipas médicas, de forma a reduzir as lista de espera, ou melhor, o tempo de espera para essas cirurgias.

E, se bem repararam, estamos de novo a falar em dinheiro. Em pagando, arranja-se.

Contornemos tranquilamente a lógica, que suporta tão curioso raciocínio e engenhoso expediente e deixem que invoque, uma vez mais, a sabedoria popular, que diz que:

“Quem paga adiantado é mal servido.”

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