quarta-feira, 17 de junho de 2009

touradas e bezerrices

E vamos à tourada.

Diz o JN, que a Associação Animal está contra a utilização de crianças em touradas. Lido assim, sem mais explicação, chega-se a temer o pior… Vamos ao título no Diário de Notícias. “Animal contra toureiro de 11 anos.” Ah bom, a criança é toureiro, afinal! É toureiro, é franco-mexicano , chama-se Michelito Lagravaré e tem 11 anos – isso já sabíamos. A tourada realiza-se amanhã em Lisboa, no Campo Pequeno. Chama-se o evento – “Novilhada de Promoção de Novos Valores” e inclui uma “Bezerrada”, ou seja, vai haver um bezerro na lide. Um bezerro, que há-de ser lidado pelo jovem Michelito.

E é justamente contra isso, que a Associação Animal fez já seguir a queixa para a Autoridade para as Condições de Trabalho. Denuncia-se a participação de um menor no espectáculo e cita-se o Código de Trabalho, que é inequívoco nesta matéria – “um menor só pode participar em espectáculos circenses desde que tenha pelo menos 12 anos de idade e a sua actividade decorra sob a vigilância de um dos progenitores, representante legal, ou irmão menor...” – é o que está aqui escrito – “irmão menor” – também acho que sim, que deve ser gralha… irmão maior, talvez… adiante.

Para a Animal é razoável, a partir daqui, que “a participação de menores em espectáculos tauromáquicos não poderá decorrer em condições menos exigentes”. Invoca-se a Convenção sobre os Direitos da Criança e alega-se que “o espectáculo pode prejudicar a saúde do menor ou o seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral, ou até mesmo social” – citámos a citação do JN…

Já o representante do jovem toureiro nega qualquer ilegalidade e lembra que muitas crianças começaram mais cedo até, nas lides tauromáquicas… o JN lembra, por seu lado, os casos dos toureiros portugueses João Moura, que se estreou com 11 anos de idade, ou Francisco Mascarenhas, que começou mais cedo ainda. Aos 10 anos. Este último, aliás, disse ao jornal que em Portugal basta um papel assinado por um dos pais do menor, para autorizar a participação da criança em espectáculos deste , ou outro teor e gabarito.

Agora, convenhamos que é sempre apaziguador e reconfortante saber-se que há quem olhe por nós, quem se preocupe, quem nos defenda, quem salte para a arena e se manifeste , quem nos ame… enfim…. Mesmo que essa dedicação, amor e empenho venham de quem mais habitualmente luta pelos direitos dos animais em geral e, neste caso em concreto, pelo bem estar de novilhos e vacas taurinas… Poderia, a Associação Animal, ter-se indignado só com o facto da tourada se realizar…. Poderia ter ido mais longe e denunciar que, nesta “Bezerrada” do Campo Pequeno, vai ser lidado um bezerro, o que, por outras palavras, vale por dizer que vai ser lidado um toiro de menor idade.

E daí , talvez o espanto seja absolutamente despropositado. Pois se a associação se chama “Animal”… o facto de nunca ter saído a terreiro em defesa de nenhum animal da espécie humana pode ter sido só porque ainda não se tinha proporcionado.

1 comentário:

Miguel disse...

LOLOL, agora a associação ANIMAL finge preocupar-se com os humanos? São de rir estes gajos. Olha, falem tb com a Autoridade para condições de trabalho sobre as crianças que trabalham como actores lolololol.