terça-feira, 16 de junho de 2009

oh mãe! aquele menino bateu-me!

Ora, porque a intervenção em processos eleitorais não consta das atribuições correntes das organizações representativas de interesses, o ex candidato Vital Moreira escreve hoje no Público sobre eleições e grupos de interesse...

E é de facto interessante, o que o ex candidato escreve, nesta coluna regular que mantém no jornal.

Começa por sublinhar, que “uma das novidades das recentes eleições europeias entre nós...” – e estamos a citar –“... foi a interferência directa de algumas organizações representativas de interesses económico profissionais na própria campanha eleitoral. Qual o significado e quais as implicações deste fenómeno?” Pergunta o ex candidato.

E qual o significado e implicações deste outro fenómeno , o do ex candidato Vital Moreira chamar organização representativa de interesses económico-profissionais a uma coisa que toda a gente conhece como sindicatos, ou, no caso, como Central Sindical?...

Continua depois a prosa…

“Salvo erro, pela primeira vez desde a institucionalização do actual regime democrático, um grande sindicato (afinal, sempre era um sindicato!) e uma organização de agricultores convocaram manifestações de inequívoco cunho político em plena campanha eleitoral.” Ora, salvo erro também, contra o ex candidato Vital Moreira, talvez... talvez tenha sido a primeira vez que sindicatos e agricultores se manifestaram publica e ruidosamente, em plena campanha eleitoral, com invectivas de carácter político e não só... agora, contra outras coisas é que já não estou muito seguro, que anteriores campanhas eleitorais não tenham também sido invadidas – digamos assim- por manifestações de reivindicação ou protesto, paralelas ao próprio processo eleitoral em curso… mas isto, claro e sublinhe.-se... salvo erro, uma vez mais.

Continua, o ex candidato Vital Moreira, que uma organização de interesses económicos veio apelar publicamente ao voto contra um determinado partido. Realmente, aqui haverá que admitir que cada um no seu ofício e no seu lugar. Ou seja, apelar ao voto contra este ou aquele partido é tarefa… justamente, deste ou aquele partido, recíproca e eventualmente.

Já no terceiro parágrafo, o ex candidato Vital Moreira denuncia a intervenção directa, dessas organizações representativas de interesses, em processos eleitorais. E aqui o espanto abre a boca e não quer acreditar. Então, as organizações representativas de interesses não devem ter intervenção directa em actos eleitorais?!... E o que são os partidos políticos, senão organizações representativas de interesses?... Salvo erro, os interesses do povo!

A prosa segue por mais 8 parágrafos, página fora… mas fiquemo-nos nós por aqui. E admitamos, antes de mais, que chamar ex candidato ao professor Vital Moreira talvez não seja muito correcto. Porque um candidato a qualquer coisa corre sempre o risco – teórico que seja- de não ser escolhido. No caso de Vital Moreira esse era um risco de tal forma remoto, que nem vale a pena pensar nisso. Candidatos, no sentido mais rigoroso da palavra, poderá dizer-se dos restantes elementos da lista que encabeçou. Esses é que não tinham assim tão certo, o bilhete para Bruxelas. Vital Moreira, nem por isso, só se houvesse un coup d'État, ou o Parlamento Europeu declarasse falência técnica.

E já que de técnica se fala… uma questão técnica. Se em vez de apupos e insultos, nesse 1º de Maio, as tais organizações lhe tivessem saído ao caminho, aplaudindo e dando vivas… que diria o candidato?

“Vêem? As forças vivas estão comigo! Os legítimos representantes dos trabalhadores sabem que eu e o partido que represento etc etc etc...” e por aí fora até Estrasburgo.

Digo eu e salvo erro, pela última vez.

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