O comunicado, se assim se lhe pode chamar, vem publicado com o aviso de que se trata de publicidade. É assinado pela direcção nacional do Sindicato dos Quadros e Técnicos Bancários e pelo SIB – Sindicato Independente da Banca e é um claro apelo – diria - à solidariedade nacional.
Tem a ver com a situação actual do BPP e começa por afirmar-se que o Banco Privado Português não é um assunto isolado, que apenas afecta accionistas, administradores, clientes e funcionários…diz-se que, acautelar a situação do BPP, é salvaguardar também os interesses da banca nacional, da economia portuguesa e do próprio Estado… Tendo em conta as assinaturas, que subscrevem o comunicado, o apelo, ou a publicidade, tudo leva a crer que há um fundamento insofismável, que suporta esta declaração. Tanto como a falência, por exemplo, de um supermercado, mesmo de luxo, poder comprometer os interesses da economia nacional, do próprio Estado, ou simplesmente dos armazéns de secos e molhados em geral.
Diz-se também, que os incumprimentos, ou a insolvência de um banco português podem afectar o bom-nome da banca nacional.
Aqui há que fazer uma breve pausa, por duas razões.
Primeiro, entre o sujeito e o predicado não se usa vírgulas e no texto, que o JN publica, temos uma vírgula intrusa, entre o sujeito, que no caso é a insolvência de um banco, e o predicado, que diz que isso pode afectar o bom nome da Banca. Ou seja – a insolvência de um banco – vírgula – pode afectar o bom-nome. Erro de palmatória, ou gralha de impressão... Fica a dúvida.
Continua o texto afirmando, que os tais incumprimentos e insolvência podem fazer aumentar o custo do dinheiro, para a banca nacional e que podem também afectar negativamente o “rating” da própria República Portuguesa.
Dá-se também o exemplo de outras economias e mais poderosas que a nossa, onde se está a fazer o mesmo – ou seja - a intervir, para evitar os efeitos de insolvência, ou falência de bancos. É por isso, que os subscritores do protesto – dois sindicatos do sector, como já vimos – afirmam peremptoriamente que o Estado português, bem como o Governo, o Banco de Portugal, nem a CMVM se podem demitir de responsabilidades, nesta matéria e quanto ao caso concreto do BPP. É que – como se diz já quase em pé de página – neste processo, “alguns podem perder muito, mas, se o banco não tiver viabilidade e o deixarmos cair…” – como se diz aqui – “…então todos perderão tudo”. Enfim, todos, os que estiverem directamente ligados ao banco, seja como funcionários, accionistas, ou clientes, se bem que aqui, como entretanto se foi sabendo, clientes não seriam assim tantos quanto isso, que Portugal não anda a nadar em gente com dinheiro e estatuto à altura das condições impostas, pelo combalido Banco Privado Português…
Pelo meio denuncia-se a falta de diálogo entre o ministério das Finanças e os representantes dos trabalhadores do banco. Acusa-se o ministro de não os receber, nem responder ao pedido de audiência, feito pelos sindicatos há um mês.
E aqui a prosa começa a fazer sentido.
Mais sentido fará, quando chegarmos mesmo ao rodapé da prosa. Diz assim: “o BPP e os seus clientes necessitam e merecem o tempo e os meios imprescindíveis para o banco ser viável.”
Ora, porque é que não se começou logo por aqui?!... Os clientes e os funcionários precisam e merecem mais tempo e meios para salvar o banco. Essa é que é a questão e não precisamos de invocar motivos e desígnios tão grandiosos, como o bom nome da Banca nacional ou a despromoção da imagem de Portugal no mundo, para defender essa causa.
Um pouco de humildade, de vez em quando, desde que não roce a subserviência e a humilhação, fica muito bem e chega mesmo a ser … elegante.
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