Ao arrepio de todas as crises, diz o Público que a MacDonalds, a multinacional dos hambúrgueres, está em alta.
“MacDonalds prepara-se para criar 12 mil novos postos de trabalho”, escreve o Público. Este ano, a companhia pensa investir mais de 2 mil milhões de dólares na abertura de mil novos restaurantes. Os lucros caíram em 23%, no último trimestre do ano passado, mas na contabilidade total, o ano até nem correu malzinho de todo. Os lucros cresceram 80%, um quase dobro que, em tostões contados, dá mais de 3 mil milhões de euros limpos. Arre porra, que é muito hambúrguer, digo eu…! E diz que, apesar dos preços da matéria-prima ter aumentado – a matéria prima são a carne, os queijos e essas coisas – apesar disso, o orçamento compôs-se, já que houve uma redução nos chamados custos operacionais. Custos operacionais soa a cortes nos salários e por aí, mas também pode ser que não. Ou pelo menos, que não tenha sido só aí, que se reduziram os custos operacionais...
E em Inglaterra a Câmara dos Comuns acaba de receber uma moção de censura à atitude da SKY News e da BBC, de se recusarem a transmitir uma campanha de recolha de fundos para as vítimas de Gaza.
112 deputados de diferentes partidos subscreveram a moção.
Primeiro foi a BBC, ontem foi a Sky News, quem anunciou a recusa, em transmitir o tal apelo. Uma campanha organizada pelo Comité de Emergência a Desastres – um grupo que representa várias ONG's, incluindo a Care e a Oxfam – uma confederação internacional que reúne 13 organizações humanitárias.
Os argumentos apresentados pelas duas estações de televisão foi o de que, transmitir a iniciativa, compromete os princípios de imparcialidade jornalística. O director da Sky acha que um apelo desta natureza – relembra-se que o apelo é o de recolher fundos para apoiar a população civil ,vítima das operações militares e do cerco à cidade de Gaza… diz então, o director da Sky, que não acredita que “um apelo desta natureza possa ser articulado com o equilíbrio que o jornalismo imparcial procura trazer ao prolongado e polémico conflito de Gaza.” Citei e continuo… Diz John Riley, o director da Sky, que “ninguém pode deixar de estar sensibilizado com o sofrimento humano dos dois lados do conflito e isso tem sido foco da maior parte da cobertura jornalística que a Sky tem feito na região.” Também a direcção da BBC acha que a transmissão da campanha iria “pôr em perigo a imparcialidade da estação”.
Há quem não pense assim e ontem mesmo alguns manifestantes chegaram a entrar nas instalações da BBC e queimaram os recibos da taxa de radiodifusão, que pagam pelo serviço público de rádio, em Inglaterra. Já no fim-de-semana, 5 mil manifestantes se tinham concentrado em protesto em frente à sede da BBC, no coração de Londres. Em Glasgow, protesto idêntico reuniu 50 mil pessoas, enquanto à redacção da BBC chegavam 11 mil reclamações por escrito. Sabe-se entretanto -e isso aumenta ainda mais a estranheza em relação à BBC – é que a estação pública já transmitiu, no passado, campanhas de recolha de fundos para outras zonas de guerra!
Seja como for e para a direcção da Sky, por exemplo, a cobertura jornalística do sofrimento de ambos os lados do conflito é tudo quanto a deontologia da profissão lhe permite… Então e se, em vez de campanha de solidariedade a favor das vítimas da guerra de Gaza, o apelo fosse proposto como publicidade paga?... Não se beliscava a deontologia jornalística, nem se manchava a honra do convento – aliás – a isenção, tão religiosamente defendida pela Sky News.
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