terça-feira, 21 de outubro de 2008

O rosto na fotografia não chega a ser aquilo a que se costuma chamar de "poucos amigos". Será mais a expressão de quem tem mais que fazer e coisas mais importantes com que gastar o tempo, ou mesmo perdê-lo.

E o rosto da fotografia é o de Max Mosley, inglês, 68 anos e presidente da Federação Internacional do Automóvel, a FIA.

Escreve o Público que, depois de ter sido exibido numa sessão de sadomasoquismo, uma orgia nazi, como lhe chamaram, com 5 prostitutas e ter ganho uma indemnização de 60 mil libras do News of the World, por ter publicado as imagens da alegada "orgia nazi", Max Mosley diz que não vai mudar os hábitos sexuais, por causa disso.

Em entrevista ao Guardian, Mosley terá reconhecido que o caso e a publicação das notícias lhe causaram alguma turbulência familiar, mas que, apesar de tudo e entretanto, continua a não ver mal nenhum no sadomasoquismo, desde que praticado entre adultos e de livre vontade. Quanto à encenação da tal orgia sado masoquista… orgia nazi – lembram-se? -foi como lhe terá chamado o News of the World- Mosley volta a reconhecer que é verdade , os pais teriam – chamemos-lhe – uma simpatia particular com o ideário nacional socialista, mas ele próprio demarca-se clara e inequivocamente desse género de simpatia, ou afinidade politica. Diz que o cenário da festa foi pensado e montado pelas 5 raparigas , que, já agora e ao contrário do que também se terá afirmado, não são prostitutas do leste europeu.

Entretanto e para o que realmente importa a Max Mosley, ele promete que vai seguir para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos com a denúncia e a reclamação, para que todos os tablóides e editores em geral sejam obrigados sempre a contactar o objecto das respectivas reportagens, antes de as publicar, para que os visados tenham oportunidade de se pronunciar, ou defender, se for caso disso.

No caso dele próprio, não parece muito que precise de quem interceda por ele, ou o defenda. Independentemente da matéria em apreço, ressalve-se essa tranquila frontalidade… essa desarmante frontalidade de Max Mosley. “Presidente da FIA não muda hábitos” – anunciava-se em título. Pois poderia não o fazer, mas não precisava de dizê-lo, assim sem rodeios. Como quem quer matar ali a conversa e a polémica. A verdade é que Max Mosley poderia ter respondido que não foi bem uma orgia , mais um convívio descontraído, ou que não era bem sadomasoquismo, antes uma festa temática; ou podia ter jurado que sim, mas que nunca mais! Sexo, nunca mais! Nem sadomasoquista nem sexo de qualidade nenhuma… Que ia aliás e até e fazer voto de castidade e ingressar num convento. Mas, sem cilícios! Não fosse depois começar-se a pensar e a dizer-se …

Saltemos agora para a última página do Correio da Manhã, que é aí que vem a boa notícia. Do mundo e para o mundo.

O prémio é internacional, por isso faz todo o sentido falar-se dele aqui, nesta página onde espreitamos o mundo lá fora. O Prémio Internacional da Mulher por Resultados Humanos. Um prémio internacional é sempre coisa de importância maior, pressupõe que o premiado foi sujeito a uma qualquer comparação de mérito e virtude. No caso, fala-se do prémio internacional da mulher por resultados humanos. Portanto, é óbvio que este prémio em particular é para mulheres e só para mulheres. Mas não uma qualquer mulher. Há-de ser para uma, que se tenha feito notar por alegados Resultados Humanos. Concordemos que a classificação é um tanto vaga e ambígua. Será de direitos humanos que se fala?! Da luta pela dignidade e pelo respeito dos direitos humanos?... Por outros feitos heróicos de realização pessoal ou colectiva, onde o espírito, a raça, o génio humano foram postos à prova e se distinguiram?...

Para o caso pouco importa. O que verdadeiramente importa é que o prémio foi atribuído – o Internacional da Mulher por Resultados Humanos e foi-o ontem, na ilha da Madeira, durante a cerimónia do 20º aniversário da Fundação da Associação Madeirense de Mulheres Empresárias… Aqui talvez se começasse a fazer uma pequena luz… mulheres empresárias… talvez. Não interessa, anuncie-se pois a galardoada. E a vencedora é Dolores Aveiro! E quem é Dolores Aveiro?! Empresária de sucesso?... Que resultados humanos terá esta mulher alcançado, que a notícia teima em não nos querer revelar?... Uma vez mais, não interessa. Dolores Aveiro é mãe de Cristiano Ronaldo, o jogador de futebol. Isso é público e garantido. Tão certo como a expressão enigmática da galardoada, ao receber o prémio. Na fotografia, a senhora segura o galardão que lhe é entregue em mãos pelas - julga-se – representantes da Fundação madeirense de mulheres empresárias. O objecto parece um pequeno obelisco de vidro transparente. Coisa para medir uns 40 centímetros de altura, quando posto em cima de, por exemplo, um psiché. Parece vidro! Podia ser cristal, mas também se fosse acrílico, com a austeridade que por aí grassa, não espantaria ninguém.

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