Então… às armas!
Nem sobre a terra, nem sobre o mar, ninguém sabe onde param, as duas metralhadoras Beretta de 9mm, que desapareceram do armeiro da esquadra da Belavista, em Setúbal.
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia recusa-se a admitir que tenham sido roubadas, mas a verdade é que ninguém sabe onde elas param, nem que sumiço levaram.
O alerta foi dado, já em Maio, pela subcomissária responsável pela esquadra da Bela Vista. Duas pistolas metralhadora e respectivas munições tinham desaparecido do armário, onde estariam fechadas à chave e com acesso restrito e reservado à própria comissária, ou, na ausência dela, ao oficial que a substituísse. Logo na altura e após a denúncia foram accionadas todas as diligências para descobrir o paradeiro das armas. Abriu-se mesmo um processo disciplinar, enquanto se informava o Ministério Público da ocorrência. Da investigação interna em curso espera-se a maior celeridade. Em comunicado, a PSP afirma que a hierarquia da policia responsabiliza “todos os elementos policiais pelos actos praticados durante o serviço e que possam prejudicar a eficácia da força de segurança, nomeadamente o extravio ou destruição do material fornecido”. E neste caso, as hipóteses que se levantam são justamente essas. Roubo ou extravio. Sendo que, a hipótese de extravio, parece já, ela própria, um pouco extraviada! Como se extravia uma metralhadora?!... Esquecemo-nos dela no táxi, ou na Caixa do supermercado? Mandamo-la pelo correio para a prima na terra e os correios entregam-na a um estranho qualquer a 5oo quilómetros de distância?!...
Adiante. Já vimos que o presidente da associação sindical da polícia se recusa a admitir a hipótese de roubo. Ele diz que qualquer esquadra, por mais pequena que seja, tem sempre um armário seguro onde guardar este tipo de armamento, que é considerado já arma de guerra e usado em operações especiais mais perigosas, ou no patrulhamento automóvel da cidade. Paulo Rodrigues, chama-se o presidente, disse ao Diário de Notícias, que o mais certo é tratar-se de um “erro de contabilidade”. Ou seja, alguém se enganou a contar as armas. Diz Paulo Rodrigues: “eu apontaria para um erro de contabilidade, já que a policia ainda tem um modelo de gestão que vem dos anos 80”. Por isso, diz o sindicalista, é urgente adoptar uma gestão mais eficaz e simples. Diz que um modelo empresarial baseado nas novas tecnologias funcionaria muito bem e pouparia recursos humanos. Actualmente, diz Paulo Rodrigues, cada vez que é preciso saber do armamento disponível, há que fazer a contagem arma a arma e por várias pessoas, à vez e repetidamente.
Enfim, o processo de contagem unidade a unidade até à soma final, pode ser primitivo, mas se não houver distracções, parece relativamente seguro. Se é uma técnica dos anos 80 ou não… não sei, se bem que desconfie que é um pouco anterior, mesmo. Mas adiante.
Onde se quer chegar é a este ponto. Já se abriu um processo disciplinar, contra o quê, ou quem?... À comissária responsável, ao oficial que a substituiria eventualmente na ocasião? Aos dois? À esquadra por inteiro? O que se sabe é que o processo crime e a averiguação disciplinar – como lhe chama, no caso, o Correio da Manhã – estão em curso para saber se a comissária, ou algum subordinado poderão ser considerados responsáveis… neste caso, considerados irresponsáveis, já que é de incúria que se fala. Ficamos também e entretanto a saber que as armas estão a ser recontadas, para ver se afinal tudo não passa de um erro de conto. É verdade. Está aqui escrito. O alerta foi dado em Maio. Está um processo disciplinar em curso e entretanto e ainda, ou se quisermos, entretanto e só agora é que se está a recontar as armas, a ver se sempre falta alguma, ou antes pelo contrário, o que também seria pouco provável. Que sobrassem.
Provavelmente a contagem estará a ser feita ainda segundo o arcaico método usado em Portugal nos idos anos 80, pelo menos, ao que vimos, na polícia, do um mais um igual a dois, mais um, três e por aí fora...
Primitivo, mas eficiente na maioria dos casos, menos neste.
Entretanto também, acontece que a manchete, pelo menos a do Público, é também de armas que fala. Mas, neste caso, do milhão e 400 mil armas ilegais, que existem em Portugal. Um milhão e 400 mil é muita arma, ilegal ou não. Um milhão e 400 mil é quanto a PSP calcula que há, de armas ilegais espalhadas pelo território nacional. De certeza? Contaram-nas bem? Não será melhor contá-las outra vez?
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