quarta-feira, 28 de maio de 2008

Assim também eu!
Ora bom, a linguagem não terá sido bem esta, mas vai dar ao mesmo. Acontece que a SIC está indignada com a RTP e acusa-a de ter copiado o grafismo do Jornal da Noite. Ou seja, a RTP estreou um novo grafismo para o Telejornal e a SIC diz que o boneco foi copiado do Jornal da Noite. O que, para a SIC : “assim não custa muito dizer que se vai ter uma nova imagem, quando se copia a imagem dos outros…”
Pois a imagem é coisa importante, ainda mais quando se trata de um meio de comunicação, que vive muito à base da imagem. Que depende dela, para fazer passar a mensagem.
Consta que a RTP já desvalorizou a polémica e a acusação. Diz que é uma discussão menor e que não interessa aos telespectadores. Diz que os criativos fizeram um óptimo trabalho e não precisaram de copiar ninguém. Diz mesmo que não há exclusivos de cores.
Dá-se, como exemplo que, pela mesma ordem de razões, também não haveria de poder utilizar-se imagens nas reportagens, já que elas, à partida, serão comuns a todos os órgãos de comunicação. Sendo o acontecimento o mesmo, claro.
Ora, podemos começar por aqui. Copiar é feio. Na escola dá direito a reprimenda, quando não a desclassificação do próprio aluno. Mas isso é na escola. Depois, pela vida fora, copiar as ideias dos outros para as apresentar como criação própria, para além de continuar a ser uma mentira feia, continua a ser, ou sinal de preguiça, ou da mais elementar inépcia criativa. Para não dizer pior.
E onde é que está a verdade no meio disto tudo?... Ora a verdade é que, quem tem televisão por cabo e acesso às televisões do mundo, há-de ter reparado já que a diferença não é muita, quando se fala em grafismos e não só… poderíamos falar também dos conteúdos.
E aqui é que se calhar valeria a pena apostar na diferença. Que, mais que montra de efeitos especiais ou cenários modernaços, o que conta é o que o que a loja tem para vender.
Ou, se quisermos... O que conta é a coisa em si, e não o cenário vistoso, as lantejoulas, o aparato... Quem de vós mandou para o lixo, por exemplo, o livro, ou as pantufinhas que a avó tricotou para guardar apenas o papel do embrulho?...
E daí talvez haja razão para protesto. É que, se não for pelo boneco, se calhar torna-se difícil distingui-las … E não só pela prestação, ou conteúdo, mas também por aquilo que não era para se saber, mas sempre se vai sabendo. Como por exemplo, que os 3 canais de televisão generalista podem ter de pagar até 150 mil euros de multa, por não terem cumprido, o ano passado, os limites legais de publicidade. Todos eles: RTP, SIC, TVI. O relatório da Entidade Reguladora do sector concluiu que todos eles cometeram a mesma falta, sendo que aqui foi a RTP quem se destacou. Segundo o relatório foi o canal público quem mais pisou o risco da lei da televisão, sobre limites de emissão de publicidade.
E agora? Quem é que anda a copiar quem?

E o Diário de Notícias resume a situação neste título simples e demolidor. Diz assim: “Famílias portuguesas gastam um terço a mais daquilo que ganham.” As poupanças dos portugueses voltam a estar ao nível do que eram nos anos 60.
Depois, claro que há outros títulos, esta manhã, quase tão sintéticos como este do DN, se bem que muito mais demolidores. Escreve o Correio da Manhã que cada português deve 15 mil euros. O endividamento dos portugueses já representa 129% do rendimento, escreve o Correio, citando o relatório do Banco de Portugal. Mas não era deste título do Correio que eu falava. Antes deste outro... “Caso Maddie à beira do final”, garante o Correio da Manhã . E depois este título: “Procurador assume homicídio.” É o que está aqui escrito. Que o Procurador – presume-se, o procurador-geral da República – assume então o homicídio. Presume-se uma vez mais que seja o homicídio de Maddie – Madeleine McCann – essa. Diz então o Correio da Manhã, que o caso Maddie estará à beira do fim, agora que o procurador assumiu o homicídio. Foi então o Procurador-geral da República portuguesa quem matou a criança!? Será isso que o Correio quer dizer?!!!... Claro que não. Então, porque é que não disse?! Porque é que não disse, como aliás acabou por escrever, mas já lá mais para dentro do jornal, ao abrigo do primeiro olhar, do primeiro choque, do primeiro espanto. Enfim, depois de comprado o jornal…que o que se passa realmente é que o procurador, aliás, o Ministério Público assume a suspeita de homicídio.
Explica-se então que, pela primeira vez se torna público, que a investigação ao caso inclui essas suspeitas. As de homicídio, exposição, abandono e ocultação de cadáver.

Outras capas. A do Público avisa, discretamente, no canto inferior direito, já quase a fugir da página que os "funcionários públicos não vão ser inadaptados." É um português meio estranho, este, mas adiante. Para o que importa, escreve o Público que, os funcionários públicos deverão passar a reger-se, a partir do ano que vem, por um regime de contracto de trabalho semelhante ao do sector privado.
Assim sendo, o despedimento por inadaptação está afastado, mas o não cumprimento de objectivos poderá ser causa para despedir.
Se conseguirem ver qualquer diferença substancial e relevante entre as duas coisas, para além da forma e do rodriguinho… Sim, claro. Claro que há-de haver uma diferença, senão os jornais não falavam nisso. Portanto, se não é por falta de capacidade ou inadaptação, que os objectivos se não cumprem, só pode ser por manifesta má vontade do trabalhador!!! Então, claro, nesse caso, o despedimento tem uma justa causa. Quem é que quer trabalhadores que estão de má fé a sabotar sistematicamente o progresso da empresa?!... No caso, da coisa pública? Seria o mesmo que dormir com o inimigo.

E já agora fiquemos no Público mais um bocadinho.
É que nestes dias em que a crise dos combustíveis faz as manchetes diárias , o jornal publica discretamente esta notícia de uma vitória portuguesa que vem mesmo a propósito.
Foi em França, no circuito de Nogaro, que o Eco-Inegi, venceu, pela 3ª vez consecutiva, a maratona ecológica, organizada pela Shell europeia.
O veículo foi construído pela Faculdade de Engenharia do Porto e venceu os 291 klm da prova, gastando só um litro de gasolina. Um litro de gasolina para fazer 291 klm à velocidade de 90 klm por hora. Foi esse o feito que lhe valeu o prémio na classe Urban Concept. Ora, como o nome indica, Urban Concept é então um modelo a pensar no conceito urbano de mobilidade e deslocação.
Ora a verdade é que, nas nossas cidades, 90 klm à hora é mais que suficiente, para não chegar atrasado a nenhum compromisso importante.
Aliás, para além de ser mais que suficiente, até é proibido!

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