quarta-feira, 9 de abril de 2008


Vi há tempos um documentário na televisão . Uma reportagem com uma tribo de índios brasileiros que comiam as cinzas dos antepassados mortos , diz que, por uma questão de respeito.
A História das civilizações é exemplar em casos semelhantes. Desde guerreiros que comem as vísceras, ou bebem o sangue dos adversários caídos em combate, para lhes absorver a valentia e a "anima", a toda uma série infindável e variada de superstições e amuletos para todos os medos e situações. A essas pessoas costuma chamar-se (paternal e carinhosamente ) bárbaros.
Também é pródiga, a História das religiões, em relíquias. De santos, para já. Pedaços da roupa, fragmentos de osso, objectos pessoais… por aí. Relíquias de culto e devoção.
Pois a igreja polaca quer agora exumar o coração de João Paulo 2º. O papa morreu, fez 3 anos, este Abril. O ex presidente da Conferência Episcopal da Polónia não exclui a hipótese de, depois da beatificação, o coração de João Paulo 2º ser exumado e levado como relíquia, para ser exposto na catedral de Cracóvia, cidade onde CarolVoitila foi arcebispo.
Um porta voz do actual arcebispo de Cracóvia já disse que não é forçoso que seja o coração do papa. A igreja reconhece como relíquia sagrada qualquer objecto que tenha pertencido ao beato, ou santo, ou mártir em questão. Garante, no entanto, que certo, certo é que Cracóvia há-de receber qualquer coisa que valha como relíquia de João Paulo 2º, para veneração dos fiéis polacos e outros que queiram peregrinar até Cracóvia para o fazer.
A decisão final cabe ao actual papa, Bento 16. A decisão sobre a hipotética exumação do coração de João Paulo 2º.

E deixemo-nos ficar, um pouco mais, no reino dos mortos.
O cemitério de Copenhaga tem, a partir de agora, um talhão próprio para homosexuais.
Diz a notícia, que o espaço reservado pode receber 45 urnas, ao preço de 267 euros por cada lote.
A Associação Arco íris, que arrendou o espaço no cemitério de Copenhaga, diz que o objectivo é que os homosexuais e as lésbicas possam ser sepultados uns ao lado dos outros. O espaço será decorado de forma simbólica, por um triângulo de cascalho desenhado no chão, no meio do qual será colocada uma pedra. E em cima da pedra, a bandeira que os identifica. Os identifica enquanto movimento. A bandeira com um arco íris pintado. Será decerto uma alegria para os olhos de quem visitar o cemitério de Copenhaga, mas parece ao mesmo tempo, um pequeno recuo, na luta pela igualdade. Isto para não dizer que, ao que me soa mesmo é a uma valente paneleirice.

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