Vai ser hoje entregue, em S. Bento, um abaixo-assinado contra o "museu do Estado Novo", pensado para Santa Comba…
São 16 mil assinaturas. Teme-se que o anunciado museu venha a revelar-se como um santuário do salazarismo. Um local de peregrinação dos saudosos do fascismo português.
A verdade é que pouco se saberá, por enquanto, sobre que tipo de objectos e memórias o museu vai reunir, ou a lógica de organização do material recolhido. Sabe-se, para já, que parte do espólio de Salazar já foi doado por um sobrinho neto …
O protesto reclama contra o que considera a "divulgação de ideologia fascista."
Ora bem, é sabido que logo a seguir ao 25 de Abril, tudo o que trazia ecos do regime deposto foi rebaptizado em nome da Revolução, em esconjuro da Longa Noite… Nada de mais natural e genuíno. Varrer da memória todas as más recordações. Apear os velhos heróis, que, reconquistada a liberdade, são remetidos ao lugar que lhes cabe na História, de pequenos tiranetes, de cruéis assassinos, de tresloucados visionários. Valeu o sermos o proverbial país de brandos costumes, para que a euforia revolucionária não tivesse chegado a extremos e excessos insanáveis, ou de que agora nos devêssemos arrepender ou envergonhar para o resto dos nossos dias…
Mas isso não quer dizer que não seja, passados estes anos todos, eventualmente interessante arejar e revelar à luz do dia, à luz da História, à luz da nossa capacidade de discernimento… tudo o que houver disponível e que nos ilustre e informe sobre os cantos mais escuros do nosso passado recente.
Na mesma lógica com que se conta a história de Peniche, do Tarrafal, de Auschwitz - faces ocultas da mesma moeda… Uma realidade não teria existido sem a outra, a verdade é essa. E se insistirmos em ver sempre e só uma das faces da realidade, seremos sempre alvo fácil de todos os fascismos, venham eles de onde vierem…
A verdade é que – é antigo o rifão : "pior cego é aquele que não quer ver"!
E, se de fascismos se fala e saudosismos e perigo para a democracia, ofensa à civilização… pois seria mais urgente, talvez, perceber onde mora e o que anda realmente a fazer, uma certa jovial rapaziada, que se auto proclama herdeira, filha órfã de certos nacionalismos serôdios e que – essa sim – sem rebuço nem complexos – publica manifestos, saúda de braço em riste, em locais públicos e alta voz, espanca negros e homossexuais, em nome da pureza da raça e se enfeita com os berloques que sobraram do 3º Reich… Sem grande esforço de pesquisa seria fácil dar com os apartados onde se escondem, seguir-lhes o rasto e confrontá-los com a Justiça, quando e sempre que for caso disso.
Enfim, até poderia ser verdade, que o tal museu do Estado Novo se revelasse fonte inspiradora para uma certa extrema direita com ideias revolucionárias… gente jovem com força ainda para pegar em armas e derrubar governos… mas, em verdade, não creio que seja esse o público maioritário do futuro e eventual museu . Para inspiração têm quanto baste já, em lojas que vendem todo o arsenal de quinquilharia nazi, têm livrarias onde se vendem os livros inspiradores, têm a internet, que até os ensina a fazer bombas em casa, se quiserem… Não me parece que seja num museu, onde eventualmente, a peça que pode despertar mais curiosidade seja o famoso par de botas de António Oliveira… não me cheira que seja aí que as novas falanges vão buscar a flama e inspiração para abriladas fascistas, futuras, ou em sonhos…
São 16 mil assinaturas. Teme-se que o anunciado museu venha a revelar-se como um santuário do salazarismo. Um local de peregrinação dos saudosos do fascismo português.
A verdade é que pouco se saberá, por enquanto, sobre que tipo de objectos e memórias o museu vai reunir, ou a lógica de organização do material recolhido. Sabe-se, para já, que parte do espólio de Salazar já foi doado por um sobrinho neto …
O protesto reclama contra o que considera a "divulgação de ideologia fascista."
Ora bem, é sabido que logo a seguir ao 25 de Abril, tudo o que trazia ecos do regime deposto foi rebaptizado em nome da Revolução, em esconjuro da Longa Noite… Nada de mais natural e genuíno. Varrer da memória todas as más recordações. Apear os velhos heróis, que, reconquistada a liberdade, são remetidos ao lugar que lhes cabe na História, de pequenos tiranetes, de cruéis assassinos, de tresloucados visionários. Valeu o sermos o proverbial país de brandos costumes, para que a euforia revolucionária não tivesse chegado a extremos e excessos insanáveis, ou de que agora nos devêssemos arrepender ou envergonhar para o resto dos nossos dias…
Mas isso não quer dizer que não seja, passados estes anos todos, eventualmente interessante arejar e revelar à luz do dia, à luz da História, à luz da nossa capacidade de discernimento… tudo o que houver disponível e que nos ilustre e informe sobre os cantos mais escuros do nosso passado recente.
Na mesma lógica com que se conta a história de Peniche, do Tarrafal, de Auschwitz - faces ocultas da mesma moeda… Uma realidade não teria existido sem a outra, a verdade é essa. E se insistirmos em ver sempre e só uma das faces da realidade, seremos sempre alvo fácil de todos os fascismos, venham eles de onde vierem…
A verdade é que – é antigo o rifão : "pior cego é aquele que não quer ver"!
E, se de fascismos se fala e saudosismos e perigo para a democracia, ofensa à civilização… pois seria mais urgente, talvez, perceber onde mora e o que anda realmente a fazer, uma certa jovial rapaziada, que se auto proclama herdeira, filha órfã de certos nacionalismos serôdios e que – essa sim – sem rebuço nem complexos – publica manifestos, saúda de braço em riste, em locais públicos e alta voz, espanca negros e homossexuais, em nome da pureza da raça e se enfeita com os berloques que sobraram do 3º Reich… Sem grande esforço de pesquisa seria fácil dar com os apartados onde se escondem, seguir-lhes o rasto e confrontá-los com a Justiça, quando e sempre que for caso disso.
Enfim, até poderia ser verdade, que o tal museu do Estado Novo se revelasse fonte inspiradora para uma certa extrema direita com ideias revolucionárias… gente jovem com força ainda para pegar em armas e derrubar governos… mas, em verdade, não creio que seja esse o público maioritário do futuro e eventual museu . Para inspiração têm quanto baste já, em lojas que vendem todo o arsenal de quinquilharia nazi, têm livrarias onde se vendem os livros inspiradores, têm a internet, que até os ensina a fazer bombas em casa, se quiserem… Não me parece que seja num museu, onde eventualmente, a peça que pode despertar mais curiosidade seja o famoso par de botas de António Oliveira… não me cheira que seja aí que as novas falanges vão buscar a flama e inspiração para abriladas fascistas, futuras, ou em sonhos…
Depois, a verdade também é que se formos a ver … Lisboa - e fiquemos só por Lisboa - Lisboa está cheia ainda de placas e pequenos monumentos celebrizando gente que, se formos a ver bem, não deixou grandes saudades ao bom povo português. Nada mesmo!
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