quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Começam hoje em Lisboa os dias europeus do desenvolvimento.
As “Jornadas Europeias do Desenvolvimento”, que juntam, para além de instituições europeias, várias organizações da ONU e outras, não governamentais…
Vai-se avaliar a estratégia de cooperação que nos resgate das alterações climáticas que se anunciam.
Uma cooperação a pensar, neste caso muito concreto, nos países mais pobres de África, onde essas alterações se vão sentir com mais gravidade.
Tudo indica que é nessa zona do planeta que os efeitos serão mais devastadores. Onde se depende essencialmente dos recursos naturais para sobreviver, onde não há uma política de Estado Social, onde se morre de doença por falta de salubridade … As alterações climáticas: secas, inundações e outros fenómenos meteorológicos extremos vão, irremediavelmente e sobremaneira, afectar essas populações…
A ironia de tudo isto – escreve o jornalista do Público – é que, os mais pobres do planeta pouco ou nada contribuíram para o descalabro climático a que se chegou, mas vão ser eles, os que mais hão-de sofrer, quando o dia chegar…

E há-de chegar o dia da assinatura do Tratado de Lisboa!
Só não se sabe se lá se cá…

Tudo por causa do ambiente.
A presidência portuguesa ainda ontem fez finca-pé que o Tratado de Lisboa fosse assinado… em Lisboa, a 13 de Dezembro… ao que parece, poucas horas antes de uma outra reunião em Bruxelas; uma Cimeira que reunirá os mesmos que supostamente hão-de assinar o Tratado. Ora isto implicaria que os 27 signatários haveriam de voar de Lisboa para Bruxelas para a tal cimeira…
Os ambientalistas protestam, que aviões para lá e para cá vão carregar o ar de CO2 sem necessidade nenhuma!
O próprio ministro dinamarquês dos estrangeiros prometeu já que vai levantar a questão, dia 19, na próxima reunião de ministros europeus… Diz que, para além do mais, não faz sentido realizar duas cimeiras em cidades diferentes e no mesmo dia…
A verdade é que, desde o Tratado de Nice, todas as cimeiras são obrigatoriamente realizadas em Bruxelas, desde 2002…
Mas as hipóteses estão em aberto e em discussão: ou a cimeira de Bruxelas se faz em Lisboa e aproveita-se para assinar também o Tratado que, por razões óbvias se fica a chamar Tratado de Lisboa, ou se faz a Cimeira em Bruxelas e assina-se lá o Tratado de Lisboa, que pode ficar na mesma a chamar-se o Tratado de Lisboa., ou antecipa-se a assinatura, em Lisboa, para uma semana antes, de forma a coincidir com a Cimeira euro-africana e aí aproveita-se a boleia da poluição dos aviões fretados para essa cimeira.
Foi Angela Merkl, quem primeiro chamou a atenção para esta sobreposição de datas: as da cimeira de Bruxelas e a da assinatura do Tratado em Lisboa…
Um vai e vem que representa um suplemento de 75 mil quilómetros e a emissão de 250 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera… o equivalente às emissões provocadas pelo aquecimento de uma casa europeia – enfim das mais fresquinhas – durante 25 anos.
250 toneladas de dióxido de carbono que, se o vento estiver de feição, pode bem descer tranquilamente o mapa e estender-se pelos céus de África, quem sabe…
Enfim, o que se sabe, é que – todos de acordo – o Tratado de Lisboa vai chamar-se mesmo Tratado de Lisboa, nem que o assinem debaixo de um coqueiro, no Burkina Fasso!
Isso é certo.
Já foi tratado.

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