terça-feira, 2 de junho de 2009

homens e ratos e o fim da macacada

“Gene humano muda o timbre do chiar dos ratinhos” – escreve o I, em título à matéria, que preenche toda a última página da edição de hoje.

A experiência foi feita na Alemanha, nos laboratórios do Instituo de Antropologia Evolucionária Max Planck, em Leipzig.

Criou-se uma estirpe de ratinhos cujo gene FOXP2 – um dos responsáveis pela linguagem – foi trocado pela variante humana…. A versão humana do gene FOXP2 difere da dos ratinhos e chimpanzés e , no fundo, o que se pretende mesmo é descobrir as diferenças essenciais entre macacos e homens… Algumas são geralmente óbvias a olho nu, outras, muitas que, ao que consta nem tanto. Há 20 milhões de diferenças de ADN entre os genomas humano e dos chimpanzés, por exemplo. Mas, para despistar que alterações são realmente importantes… isso só pode ser feito, ao que parece, fazendo experiências noutras espécies animais… e foi o que se fez.

Trocar o gene dos ratinhos pela variante humana não os pôs a falar, mas alterou alguma coisa… por exemplo, sabe-se que os ratinhos pequenos emitem assobios ultrasónicos, quando são separados das mães…quando se sentem sozinhos e assustados… depois desta experiência, o timbre desse apelo baixou de tom e tornou-se mais grave… duplamente grave, diria, já que assim é muito possível que a mãe o não consiga ouvir. Enfim, mesmo se o ouvisse, de pouco lhe valeria, por isso, adiante.

O responsável por esta experiência, já há alguns anosque tinha prometido que, assim que o projecto estivesse concluído, os humanos iam falar com o ratinho cobaia, não prometeu que o ratinho respondesse, até porque a linguagem humana depende de muito mais … da alteração dos genes humanos ao longo da sua evolução , mas o que é surpreendente é que apenas a troca de um gene.. este FOXP2 tenha de facto alterado os sons que os ratos usam para comunicar entre eles…

Seria igualmente interessante, não tanto talvez para a Ciência, mas interessante de igual modo, se se tivesse descoberto a forma de comunicar com ratos e macacos e cães e gatos, mas na linguagem deles e de forma a que eles percebessem rigorosamente o que se lhes dissesse, sendo que também não será menos interessante, no dia em que as cobaias de laboratório conseguirem falar língua de gente , ficar a saber o que elas têm finalmente a dizer, dessa convivência com a espécie humana…

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