Ora bem, a coisa anuncia-se como ideal para filhos estilosos, modernos ou até descuidados… como vemos, o anúncio, se não cobre quase todas as possibilidades , anda lá perto.Falta, claro, os cuidadosos, os aplicados, os estudiosos, os interessados e curiosos de aprender… porque é de crianças que já andam na escola que se fala … que já andam na escola e que têm um computador Magalhães… em princípio.
E o anúncio garante que este é um exclusivo do JN… mas chega de mistério… Diz o Jornal de Notícias, que a partir de 17 de Maio passado e até ao 19 de Junho próximo futuro, na compra do jornal e por apenas mais 11 euros e 50 cêntimos, o leitor pode adquirir uma capa colorida e um tapete de rato para o Magalhães.
“Dê um presente especial ao seu filho” – convida o jornal. “...por apenas mais 11 euros e 50 adquira uma capa colorida e um tapete de rato Magalhães exclusivos do JN , disponíveis em 3 cores: azul, vermelho e verde…” Acrescenta-se depois, para que não sobrem dúvidas na mente de qualquer pai, ou mãe mais cépticos, que, com tudo isto, ele – o filho, obviamente – “vai gostar ainda mais de ir à escola, nem que seja para mostrar o seu novo estilo aos amigos…” Com uma refêrencia discreta, garante-se entretanto que a marca, que assina as capas e os tapetes de rato que o jornal anuncia, é marca de excelência e que, este ano mesmo, foi eleita por votação dos consumidores…
Ora pois, decerto que sim. Pena, as televisões não terem dado notícia de tão democrática distinção e escrutínio… é a vida.
Agora, comecemos por aqui… 11 euros e 50 por uma capa de plástico e um tapete de rato… tendo em conta que a venda é proposta nesta espécie de mercado paralelo das oportunidades únicas e pechinchas promocionais… 11 euros e meio por uma capa de plástico e um tapete de rato… é caro. É caro e aqui—chamem-me o que quiserem, mas não admito contraditório.
Quanto ao resto… dos filhos estilosos e que vão para a escola passear capas coloridas de computador… temos aqui duas situações interessantes no horizonte…
Primeiro, alimentar essa espécie de cordão umbilical que resiste, pelo menos nos primeiros tempos da primária, em que a criança leva um brinquedo para a escola, para não se sentir tão sozinho nesse meio novo e , para ela, ainda hostil.. uma espécie de colo materno, do cheiro de casa… isso justifica-se nesses primeiros tempos de escola, nos primeiros dias, para amortecer o impacto da chegada a um mundo novo... Mais que isso, parece serôdio. No mínimo.
A outra situação curiosa é este incentivo à vaidade, à ostentação, à futilidade… Lembram-se? “Para mostrar o seu novo estilo aos amigos…” Enfim, cada um sabe de si, mas admitamos que sim, que tudo na vida haveria de ser assim. Com estilo.
“Vêem?... O meu filho ainda mal sabe somar dois mais dois… Nem pelos dedos. Baralha-os todos... mas fá-lo com um estilo !...”
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