terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

puta que os pariu, em geral.

Já ontem os jornais falavam no assunto, sem grande desenvolvimento, mas falavam. O caso de 3 jovens italianos que regaram com gasolina e pegaram fogo a um sem abrigo que dormia na estação de comboios de Nettuno, no litoral, a sul da província de Roma. A vítima vai ficar com marcas profundas para o resto da vida, dizem os médicos. A vítima é um indiano que vive em Itália há 5 anos, trabalhava nas obras e que a actual crise mandou para o desemprego, aos 35 anos.

Mas vamos à manchete da notícia. Diz o Público, que os 3 jovens italianos queimaram um imigrante indiano, por diversão e que a policia nega motivações xenófobas. O mesmo se afirma no título do Diário de Notícias. Parece então que não sobram dúvidas, tanto mais, que foram os próprios agressores quem o confessou. Citemos: “Era tarde, tínhamos bebido muito e andávamos às voltas de carro. Procurávamos um barbudo. Não tinha de ser estrangeiro. Se fosse romeno, ou negro não nos importava”. Começa por aqui. Se não tinha de ser estrangeiro, porque é que se foi buscar o exemplo de um romeno? Um carabiniero não servia? Adiante.

Os agressores têm entre os 16 e os 28 anos e diz que são conhecidos na cidade por passarem o tempo a fumar (droga, subentenda-se) e andar de carro sem rumo, frequentemente embriagados. E terá sido o que aconteceu nessa noite de domingo passado. Depois de uma noite de jogo, álcool e droga, como conta o jornal, os 3 terão querido experimentar "algo de novo" – com aspas e tudo. Disseram que queriam ver quanto tempo o homem aguentava. Queriam, como um deles disse – “emoções fortes”! E aqui, uma vez mais se levanta a questão… porque não despejaram a gasolina sobre um deles próprios, para fazer a experiência e divertirem-se, como queriam? Como emoção forte não lhes chegava? Ah sim, claro, falta o pormenor da barba. Lembram-se?... Diziam que procuravam um barbudo. Essa parece ser a única condição para a escolha da vítima da brincadeira. Pegar fogo a um barbudo.

O presidente italiano, já ontem no Corriere de la Sera, lançava o alerta contra o crescente número de ataques, aparentemente ligados ao racismo e à xenofobia.. Ontem também, políticos de todos os quadrantes mostravam preocupação semelhante. O presidente do Senado diz que é preciso isolar, condenar e reprimir episódios destes. Também o presidente da Câmara de Roma, que veio da antiga aliança nacional neo-fascista, já se manifestou, com cólera e dor, acrescentando que é necessário esclarecer as motivações da agressão.

O comandante dos carabinieri talvez tenha a resposta para esta questão. Disse Vittorio Tomaso ao Corriere , que não foi racismo, foi estupidez. Isto claro que é o comandante a ser simpático, ou se quisermos, politicamente correcto

Quanto aos agressores, já se viu que apenas queriam divertir-se e experimentar emoções fortes. Desculpam-se e justificam-se com o facto de já ser tarde e estarem drogados e bêbados. Os meus amigos não sei, mas eu desconfio que há por aí muita gente que, mesmo bêbada e drogada, não lhe dá para acordar ao pontapé o primeiro barbudo que encontra a dormir na rua e lhe despeja um garrafão de gasolina pela cabeça para ver quanto tempo ele aguenta em chamas. Muita gente mesmo.

Quanto a estes 3 jovens, do mal, o menos, esperemos que o comandante dos carabinieri esteja enganado. Que a estupidez não tem cura.



E agora, se me permitem, vou ler tal e qual, a breve do Público, já que resume o essencial da questão.

E diz assim: “Perigo nos SPA. Branqueamentos dentários ilegais” e segue depois… que “hotéis e centros de beleza do Algarve fazem branqueamentos dentários a 199 euros ilegalmente, pondo em risco a saúde dos clientes, denuncia a Ordem dos Médicos Dentistas. Os responsáveis pelos espaços garantem que o tratamento é feito por um médico inglês e que nunca houve queixas… (estou a ler como está aqui escrito…) “O bastonário, Orlando Monteiro da Silva diz que, segundo a lei, o branqueamento de dentes, com produtos à base de água oxigenada, é um acto médico que só pode ser feito em ambiente clínico legalizado, pelo que a oferta deste serviço em hotéis, spas e centros de massagens ou de beleza é proibido”.

No DN, adianta-se que o inquérito ao tratamento em hotéis está em marcha. É a Direcção Geral de Saúde quem está a investigar, depois da ASAE ter sacudido a responsabilidade, já que se trata alegadamente de um acto clínico e da Entidade Reguladora da Saúde ter feito o mesmo, por tudo se passar em estabelecimentos que estão fora da sua jurisdição.

Acontece que o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas está seguro que se vai concluir da ilegalidade da situação. Monteiro da Silva sublinha que a lei portuguesa classifica este tratamento como acto médico e que como tal só pode ser realizado num ambiente clínico legalizado e por um médico, ou sob a orientação de um médico dentista. Os empresários destes centros de que se fala já asseguraram que tudo está a ser feito por um médico inglês, que já trabalha há uns bons 20 anos nesta área. Monteiro da Silva, uma vez mais, diz – desta vez no JN – que os médicos que façam branqueamentos em Portugal sem estar inscritos na Ordem que preside podem ser alvo de uma participação por usurpação de funções… E , se já repararam, livrámo-nos já desse terrível fantasma do atentado à saúde pública, para enfrentarmos outro género de fantasmagoria , ligeiramente diferente.

Sobra ainda o ambiente clínico legalizado. Diz o bastonário que também esses sítios onde os tratamentos se fazem podem incorrer em falta deontológica grave, ao dar cobertura a uma acto médico fora da clínica. Aqui há que abrandar um pouco a indignação, para reflectirmos neste pequeno ponto : o da falta deontológica. Falamos da deontologia dos médicos dentistas. Ora, querer submeter os empresários de hotelaria ao código deontológico dos dentistas, pode ser que se consiga, mas não é certo, nem sequer muito provável.

O Diário de Notícias conversou com um dentista português, que foi peremptório na convicção de que, na saúde oral, o barato sai caro. Isto porque o equipamento para essa operação de branqueamento dentário à base de água oxigenada é caro, o que faz disparar os custos ao consumidor do serviço. Diz mais. Que 80% das pessoas que lhe chegam vêm para rectificar branqueamentos mal feitos e que, em apenas 27% dos casos é que esse tratamento se pode fazer, porque há que garantir que a pessoa não sofre de doenças várias que o impedem, ou desaconselham…

E tudo começa de novo a fazer quase sentido… Se esquecermos a preocupação do bastonário Monteiro da Silva, quanto à alegada usurpação de funções por médicos estrangeiros e não inscritos na Ordem Portuguesa, que aí é outra saúde que está em risco… ou o facto do acto médico só poder ser realizado em clínicas legalizadas e especializadas para o efeito, como se deus só se fizesse ouvir no silêncio das catedrais…

O preço! Claro, o preço. Nos SPA's parece que é substancialmente mais barato. Pois ressalve-se a qualidade do serviço, que pelo resto responde a chamada “lei do mercado”.

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