Até talvez que eles já nem se lembrassem, os eleitores do grande Porto, mas o PCP lembra-se bem e está – digamos – pouco satisfeito, com o alegado roubo de um slogan de campanha, usado pela CDU no Porto, nos anos 90.
A acusação recai sobre a candidata socialista, Elisa Ferreira, que já disse que não tinha conhecimento, que o tal slogan já tinha sido usado pela coligação democrática unitária.
A frase, o slogan em questão é este: “Porto para todos”.
O JN publica uma fotografia, de um cartaz da campanha de Elisa Ferreira e lá está: “Porto para todos”. O jornal publica também uma cópia de um folheto da CDU, desses idos anos 90, onde se lê: “O Porto para Todos”. Há aqui uma pequena variante, ou seja, a campanha socialista deixou cair o “Ó”, que definia o Porto, a que a CDU se referia na altura, mas isso não chega para marcar a diferença, segundo a denúncia do PCP. O que conta é o essencial da mensagem. E nesse contexto, um “Ó” a mais, ou a menos não resolve nem redime o alegado plágio. O que conta é que alguém se aproveitou de uma ideia de outro, como se fosse sua. Ou, na mais benevolente das hipóteses, alguém se escusou ao trabalho, de tentar inventar qualquer coisa de seu e pendurou-se, no caso, num slogan alheio, mas de alegado sucesso, para fazer campanha em nome próprio. Em qualquer das hipóteses poder-se-á a gente perguntar como é possível um tal descaramento… Sim é possível. E poderemos nós, algum dia perceber porquê e como estas coisas acontecem? Sim, nós podemos.
O que custa mais a perceber é esta fotografia que vem no Diário de Notícias. Os factos resumem-se num instante.
Uma mulher de Vila Verde, freguesia de Arcozelo, terá asfixiado até à morte uma filha recém nascida e enterrado o corpo nas traseiras da casa, nos fundos do quintal. A mulher aguarda julgamento em liberdade, diz o Diário de Notícias.
Mas, a fotografia… A fotografia, que o Diário de Notícias hoje publica a ilustrar a história, mostra o padrinho de uma das filhas desta mulher, agora acusada de infanticídio.
O homem está acocorado junto à pequena cova, de onde a policia terá resgatado o corpo da criança recém nascida. Uma cova muito pequena e ainda aberta, junto a um muro. O homem, com o braço direito apoiado sobre um joelho, deixa cair o indicador em direcção ao buraco aberto a seus pés. Junto da cova está ainda um pequeno sacho, uma pequena enxada. E aqui começa o disparate. O que está ali a fazer aquela enxada? Que nos interessa saber, se a cova foi aberta com um sacho, ou com as mãos nuas da mulher?!...
Mas há mais. Enfim, a expressão não é de todo evidente, ou seja, o homem não está propriamente a rir à gargalhada, mas é com um sorriso que mais se parece, a expressão deste homem. Padrinho de uma das filhas da mulher de quem se fala. O homem está portanto acocorado junto à cova, onde uma enxada caída tenta explicar que aquele buraco foi aberto por mão humana e não por qualquer animal estranho. E sorri. Sorri como é normal que as pessoas façam, quando pousam para a fotografia. Sorri talvez por simpatia com o jornalista e o fotógrafo do DN. Gente que veio de fora, da grande cidade para o entrevistar e pedir mostre lá onde é que foi… E ele mostrou. Acocorou-se à beira da cova, onde a bebé recém nascida foi enterrada e apontando-lhe o dedo tímido, sorriu. Sorriu como se dissesse: “foi aqui”. Como se dissesse… “foi aqui, que a gente encontrámos então o tal pote cheio de moedas!”
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