quarta-feira, 12 de março de 2008

Informação útil e de última hora!
A China já não é um dos piores violadores dos direitos humanos.
Provavelmente já foi, mas já não é.
A garantia vem de Washington, no relatório anual do Departamento de Estado norte-americano.
Temos então que, para Washington, a lista negra dos violadores dos direitos humanos contempla actualmente a Coreia do Norte, o Irão (países que acumulam o estatuto com o de colaboradores do Eixo do Mal…) e ainda a Birmânia, Zimbabwé, Cuba, Bielorússia e Eritreia, para além dos recém incluídos Síria, Sudão e Uzbequistão.
Esta é a lista negra. Quanto à China, segundo o relatório, a situação melhorou um pouco, o que lhe retira o labéu, mas não livra do reparo…
Passou então de “pior violador sistemático dos direitos humanos”, para o de “país autoritário em plena reforma económica que viveu mudanças económicas rápidas, mas não procedeu a reformas políticas e continua a negar aos seus cidadãos os direitos do homem e as liberdades fundamentais básicas”!!! Vamos ler outra vez?... Embora.
“País autoritário em plena reforma económica que viveu mudanças económicas rápidas, mas não procedeu a reformas políticas e continua a negar aos seus cidadãos os direitos do homem e as liberdades fundamentais básicas”.
Outra vez?... Não me parece.
Ora acontece que Tom Casey, porta-voz do mesmo Departamento de Estado, que redigiu o relatório e a lista, diz que ela – a lista – não tem qualquer valor estatutário. Seja lá isso o que for…
E Portugal?... Ah pois, a menos que nos tenham confundido no mapa com os nossos vizinhos espanhóis – o que não era a primeira vez - diz o relatório do amigo americano, que em Portugal há “problemas nalgumas áreas, nomeadamente agressões e abusos ocasionais a detidos e más condições prisionais”. A cada um o seu Guantanamo.
Mas voltemos à China.
“A China promete reduzir poluição até Agosto.”
Ora acontece que isso sucede, ao que parece, em reacção à atitude de um atleta etíope, que disse que não corria a maratona olímpica por causa da poluição em Pequim.
Logo no dia seguinte, a organização dos Jogos prometia que ia conseguir limpar o ar sobre Pequim antes do 8 de Agosto. A China está confiante nos planos anti poluição que estão em marcha e garante que a qualidade do ar em Pequim será boa quando se acender a chama olímpica. O responsável chinês para a Protecção do Ambiente garantiu ontem isso mesmo: “0s nossos peritos prevêem que a qualidade do ar normal pode ser garantida.”
Ora aí está outra informação útil e de última hora. É fácil limpar o ar sobre as nossas cidades. Basta querer, ou então, estar à espera de visitas de cerimónia.

E vamos à capa do “24 Horas”, que hoje trás em manchete uma daquelas histórias que não interessam a ninguém.
Ou que pelo menos não deveriam interessar a ninguém, para além dos próprios intervenientes protagonistas dessa mesma história. Seja à luz do interesse público, seja à do interesse do público; conversa académica muito querida da classe jornalística e escrevedora de jornais, em geral.
Diz assim, o título. Aliás, deveria dizer grita assim: “Irmã de Alexandra Lencastre perdeu um filho”.
Em legenda mais pequena, fica-se ainda a saber que o namorado da referida irmã de Alexandra Lencastre terá revelado, ou vai revelar um segredo íntimo em tribunal.
Portanto, temos que na letra grande nem se identifica sequer a personagem de quem se fala. Diz-se simplesmente que é irmã de alguém, que, essa sim, é bastante popular na nossa terra: a actriz Alexandra Lencastre. A história, para quem não sabe, ou não se lembra, começou pela descoberta, que algum jornalista mais empenhado e laborioso fez, de que Alexandra Lencastre tinha uma meia irmã de que não se falava, ou desconhecia até – pelo menos o grande público – a existência… Percebeu-se na altura que tanto uma como outra não gostavam muito de falar no assunto. Se gostassem já o teriam feito, decerto. Mas mesmo assim o folhetim continuou.
Tanto que, se saltarmos a capa do “24” e mergulharmos no corpo do jornal vamos cair numa página 7, toda ela dedicada a esta mesma matéria.
Entra-se … e entra-se despudoradamente para ficar a saber dos problemas emocionais passados da jovem em questão – uma jornalista que tem andado um pouco afastada dos ecrãs de televisão por razões que só a ela deveriam dizer respeito. Fica-se a saber que ela esteve grávida e perdeu o filho. Fica-se a saber que está em tribunal um processo que opõe a jovem ao ex namorado. Fala-se em ofensas à integridade física, fala-se em coisas que são de tal maneira íntimas e pessoais que nunca deveriam sair daí mesmo. Da esfera dos assuntos pessoais da vida de cada um. E, no caso, do fórum da justiça e dos tribunais.
Porque, a servir de exemplo, ou denúncia de alguma coisa… da violência doméstica, ou conjugal, ou de género… há, infelizmente, todos os dias casos para contar e sem o espalhafato gratuito de uma capa, como a que o “24 Horas” hoje publica.
Por mais ingénuos que sejamos, dificilmente se compra a ideia de que foi só isso, o que levou o “24” a fazer o estardalhaço que faz com a capa de hoje… o de denunciar exemplarmente – já que os protagonistas são figuras mais ou menos públicas e conhecidas – denunciar exemplarmente esse tipo de situações violentas e confrangedoras.
É também verdade, que nos tempos que correm, a blague Wahroliana, dos 5 minutos, ou 15 de fama se tornou, para alguns, uma quase obsessão. Mas recusemo-nos a pensar que, neste caso, a jovem jornalista de que se fala, poderia chegar a este ponto só para aparecer nos jornais.

Agora sim, finalmente uma informação útil!
Vem no “JN”, que os Acidentes Vasculares Cerebrais fazem 500 vítimas mortais por mês, em Portugal; e isto à média de 6 AVC’s por hora, sendo 3 deles fatais.
O jornal, que cita as afirmações de Pedro Marques Silva, um especialista na matéria, clínico do hospital de Santa Marta, ilustra o exemplo: “o número de vítimas mortais de acidentes vasculares cerebrais equivale à queda de um Boeing 747, em Lisboa”.
E ora aí está! Estávamos a ir tão bem … Apesar da notícia ser preocupante e não se prestar a graçolas, a verdade é que estávamos a ir tão bem e logo aparece essa irreprimível necessidade de fazer estilo e pronto.
Ora então equivale à queda um 747 em Lisboa!? Parte-se do pressuposto de que, nessa eventual queda, morria toda a gente e que toda a gente seria 500 pessoas, que é do que se fala – 500 mortos por mês, vítimas de AVC. Ou então o avião até podia ir vazio, desde que apanhasse as vítimas cá em baixo, na queda…
Depois… porquê em Lisboa?! Se o avião caísse em Vila Nova de Foz Côa, o resultado seria diferente?! Claro que, se as 500 alegadas vítimas fossem os passageiros do avião, ia dar ao mesmo. Se estamos a contar com as pessoas cá em baixo que eventualmente poderiam levar com o avião em cima, … aí… apesar de tudo, em Vila Nova de Foz Côa, o impacto seria eventualmente menor. Ainda mais se o avião caísse mais por cima do rio, perto das gravuras, ou assim…
Finalmente sobra só e ainda a questão das 500 baixas de que se fala ocorrerem ao longo de um mês. No caso dos AVC. Já no caso do Boeing, seria muito mais cruel. È que já viram bem? O avião caía e as pessoas, as tais 500 pessoas, levavam um mês inteiro para morrer por completo. Ou agonizavam pelo marquês do Pombal, ou arrastavam-se para ir morrer longe, vítimas de horríveis e desconhecidas sequelas!

Mas voltemos ao que realmente interessa. Diz o médico que a prevenção é a chave primeira. Controlar a pressão arterial e depois e para já cortar no sal. Em Portugal come-se o dobro do sal que é preciso e que as autoridades internacionais de saúde recomendam.
Vá lá, mas é!

E aproveitemos o Boeing, antes que ele caia e voemos até ao Rio.
Rio de Janeiro, precisamente.
E se no princípio era o verbo, para o clero brasileiro, o verbo só, não chega e invoca-se o princípio de que uma imagem vale mais que mil palavras.
Vamos à história.
Vem no Correio da Manhã que a arquidiocese do Rio de Janeiro lançou uma campanha agressiva na luta contra o aborto. Uma campanha que levantou polémica mesmo entre os próprios fiéis católicos do Rio.
Durante as missas de domingo, os sacerdotes exibem, no altar, réplicas em resina sintética de fetos humanos e passam vídeos com cenas reais de intervenções cirúrgicas de aborto.
Algumas cenas são de tal violência que os próprios fiéis se sentem mal dispostos, choram e chegam mesmo, alguns, a vomitar a meio da missa.
Foram feitas 600 réplicas de fetos humanos para serem distribuídas pelas 260 paróquias do Rio. Nalgumas igrejas, os bonecos ficam em exposição nos altares, mesmo depois do “Ite Missa est” e durante toda a semana até ao domingo seguinte.
Para os defensores da interrupção voluntária da gravidez, esta campanha é uma forma inqualificável de terrorismo psicológico.
Será? Se for só isso, é como o outro.

Só para acabar …
O 24 horas na coluna do planeta bizarro conta a história de um cidadão inglês que quer 300 mil libras – 400 mil euros de indemnização da “Marks and Spencer”, a cadeia de supermercados, por se ter ferido numa queda que deu no estacionamento da loja. Diz que trazia colado à sola do sapato um bago de uva, que foi o que o fez escorregar, cair e romper um tendão da perna. Diz que trazia o bago de uva colado ao sapato e que foi na loja que o baguito se lhe colou à sola. Foi a uva a culpada, a uva era dos “Marks and Spencer” agora o “Marks and Spencer” que assuma a responsabilidade e lhe pague os tais 400 mil euros.
Diz que os prejuízos foram para além dos danos físicos. Fala em perda de confiança e depressão. Diz que agora nem consegue trabalhar em condições…
Também não precisa. Se vencer o processo em tribunal… 400 mil euros dão-lhe uma folga considerável. Pode tirar umas férias e ir até à praia, apanhar sol na tendinite. Tem é de ter cuidado com as cascas de laranja, ou outro lixo! Que, na praia, se escorrega e estraga a outra perna, vai processar quem? O cabo de mar?!

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