E no Irão?
Diz que os manuais escolares estão feitos para doutrinar os alunos na guerra santa global. A denúncia vem de uma organização não governamental norte americana – o Centro para a Monitorização da Paz no Médio Oriente. Segundo esta organização, os livros escolares iranianos tentam inculcar a ideia de que o mundo está dividido entre bons e maus. E este será justamente o tema de uma conferência, que está agendada para estes dias em Washington, moderada pela directora deste Centro de Monitorização da Paz no Médio Oriente.
Ora temos então que, os manuais escolares iranianos, dividem o mundo entre bons e maus, o que para a organização de que falamos é – eventualmente – mau sinal e má pedagogia.
Enfim, a verdade é que o mundo está mesmo divido entre bons e maus. A dificuldade está às vezes só em distinguir uns dos outros.
“O padre italiano Piero Gelmini, acusado de abusos sexuais, foi afastado do sacerdócio pelo Vaticano”. É assim que abre a breve do “24 Horas” de hoje.
O sacerdote foi acusado de ter violado 9 jovens. A “BBC” deu a notícia e explicou que a decisão partiu do próprio Papa – o que provavelmente é normal nestes casos…
Temos portanto que o padre fica proibido de celebrar missas e de ministrar sacramentos como baptismos e comunhões. Pode, no entanto, continuar a dirigir a comunidade de apoio a toxicodependentes, criada por ele próprio e onde foram cometidas as violações. A acusação era justamente essa: a violação de 9 jovens que estiveram internados numa das casas, das mais de 150, que a Comunidade tem. Os abusos terão ocorrido desde 97 e até ao ano passado. Portanto não pode é celebrar casamentos e baptizados, nem dar missas. Enfim, situações em que seria muito pouco provável que o padre tivesse oportunidade de molestar sexualmente alguém… mas isso também nunca se sabe… Para já, salvou-se a honra do convento.
Ora, sem sair do “24 Horas”, deixo os olhos escapar para a fotografia, pequenita, que está aqui ao lado. Uma jovem, em lingerie preta e extravagante, ajoelha-se sobre um canapé de cabedal, segurando um chicote. Na outra mão, uma almofada onde se lê, a vermelho baton: “Chicotes e correntes são para o quarto, não para o circo”. A provocação é assinada pela “PETA”, organização de defesa dos animais. E é justamente essa a ideia. Sair, de forma engenhosa, em defesa dos direitos dos animais. Que, segundo a organização, têm o direito a não usar correntes, nem obedecer a ordens de chicote, para serem exibidos num circo. A dar-lhes algum uso, aos chicotes e correntes, que o façamos em jogos eróticos sado masoquistas.
A campanha está já curso na Índia. Fica por saber qual será a tradição de sexo sado masoquista na Índia… Do tântrico já ouvimos falar e vem daí… agora o sado masoquismo… Se não for ofensivo para a moral e costumes locais é já uma sorte, mas enfim, alguém deve ter estudado o mercado antes de avançar com a campanha…
E saltemos agora para o “Diário de Notícias”, mas sem largar o chicote. É que é justamente sob o silvo do látego que ele vai ser castigado.
“Cento e oitenta chicotadas para o professor que foi surpreendido a beber um café com uma aluna”.
A notícia vem da Arábia Saudita e consta que lá é crime, este tipo de atitudes. O professor em causa lecciona psicologia numa universidade de Meca. A polícia religiosa apanhou-o a beber um café com uma aluna e o castigo aí está: 8 meses de prisão e 180 chicotadas. O suspeito já admitiu a falta, o que o constituiu rapidamente em réu e acusado. Há também, diz o jornal, quem considere o professor inocente do crime de que o acusam… o de ter sido surpreendido a beber um café com uma mulher. No caso uma aluna.
Mas o surpreendente nesta notícia ainda não vos contei. É a forma como ela própria foi redigida. Sei que o jornalista assina com as iniciais C. F. e que, pelo que fica escrito, deve ser uma sumidade internacional em moral e bons costumes. Vamos ouvir?... É subtil, mas se ouvirmos com atenção ela está lá a insinuaçãozinha bacoca…
“Chama-se Abu Ruzaiz, é professor de Psicologia e bebeu um café com uma aluna. Hélas!” - escreve o periodista a itálico… "terá sido o pior erro da sua vida…"
E continua: “a polícia religiosa, que quase se cola às paredes à procura destas banalidades, ficou a saber do “crime”. E a palavra crime vem entre aspas. Mas não devia. Apesar do jornal ser português, o crime de que se fala passou-se na Arábia Saudita e lá dispensa aspas. É mesmo crime, sem ironiazinhas insidiosas.
Pois a questão é essa. Não há tempo. Se houvesse, tempo e paciência, talvez pudéssemos fazer esse exercício de comparação. Seja em relação à nossa própria História recente e lembrarmo-nos das bizarrias de costumes e de leis a que Portugal esteve sujeito, ainda não há muito tempo e mais ainda e para além disso, repararmos bem em certos usos e costumes – não forçosamente ilícitos – mas que devem fazer rir a bom rir muito cidadão de outras praias e culturas. Enfim, se forem bem-educados, riem baixinho. E se forem mesmo bem-educados, não vão para os jornais fazer trocadilhos serôdios com a cultura de outros povos. Claro que uma pessoa ser chicoteada por beber um café com outra do sexo oposto é muito desagradável e não fará muito sentido, seja à luz de que século e civilização, mas isso não cabe a nós julgar e muito menos fazer piadola, com aspas ou sem elas.
Diz que os manuais escolares estão feitos para doutrinar os alunos na guerra santa global. A denúncia vem de uma organização não governamental norte americana – o Centro para a Monitorização da Paz no Médio Oriente. Segundo esta organização, os livros escolares iranianos tentam inculcar a ideia de que o mundo está dividido entre bons e maus. E este será justamente o tema de uma conferência, que está agendada para estes dias em Washington, moderada pela directora deste Centro de Monitorização da Paz no Médio Oriente.
Ora temos então que, os manuais escolares iranianos, dividem o mundo entre bons e maus, o que para a organização de que falamos é – eventualmente – mau sinal e má pedagogia.
Enfim, a verdade é que o mundo está mesmo divido entre bons e maus. A dificuldade está às vezes só em distinguir uns dos outros.
“O padre italiano Piero Gelmini, acusado de abusos sexuais, foi afastado do sacerdócio pelo Vaticano”. É assim que abre a breve do “24 Horas” de hoje.
O sacerdote foi acusado de ter violado 9 jovens. A “BBC” deu a notícia e explicou que a decisão partiu do próprio Papa – o que provavelmente é normal nestes casos…
Temos portanto que o padre fica proibido de celebrar missas e de ministrar sacramentos como baptismos e comunhões. Pode, no entanto, continuar a dirigir a comunidade de apoio a toxicodependentes, criada por ele próprio e onde foram cometidas as violações. A acusação era justamente essa: a violação de 9 jovens que estiveram internados numa das casas, das mais de 150, que a Comunidade tem. Os abusos terão ocorrido desde 97 e até ao ano passado. Portanto não pode é celebrar casamentos e baptizados, nem dar missas. Enfim, situações em que seria muito pouco provável que o padre tivesse oportunidade de molestar sexualmente alguém… mas isso também nunca se sabe… Para já, salvou-se a honra do convento.
Ora, sem sair do “24 Horas”, deixo os olhos escapar para a fotografia, pequenita, que está aqui ao lado. Uma jovem, em lingerie preta e extravagante, ajoelha-se sobre um canapé de cabedal, segurando um chicote. Na outra mão, uma almofada onde se lê, a vermelho baton: “Chicotes e correntes são para o quarto, não para o circo”. A provocação é assinada pela “PETA”, organização de defesa dos animais. E é justamente essa a ideia. Sair, de forma engenhosa, em defesa dos direitos dos animais. Que, segundo a organização, têm o direito a não usar correntes, nem obedecer a ordens de chicote, para serem exibidos num circo. A dar-lhes algum uso, aos chicotes e correntes, que o façamos em jogos eróticos sado masoquistas.
A campanha está já curso na Índia. Fica por saber qual será a tradição de sexo sado masoquista na Índia… Do tântrico já ouvimos falar e vem daí… agora o sado masoquismo… Se não for ofensivo para a moral e costumes locais é já uma sorte, mas enfim, alguém deve ter estudado o mercado antes de avançar com a campanha…
E saltemos agora para o “Diário de Notícias”, mas sem largar o chicote. É que é justamente sob o silvo do látego que ele vai ser castigado.
“Cento e oitenta chicotadas para o professor que foi surpreendido a beber um café com uma aluna”.
A notícia vem da Arábia Saudita e consta que lá é crime, este tipo de atitudes. O professor em causa lecciona psicologia numa universidade de Meca. A polícia religiosa apanhou-o a beber um café com uma aluna e o castigo aí está: 8 meses de prisão e 180 chicotadas. O suspeito já admitiu a falta, o que o constituiu rapidamente em réu e acusado. Há também, diz o jornal, quem considere o professor inocente do crime de que o acusam… o de ter sido surpreendido a beber um café com uma mulher. No caso uma aluna.
Mas o surpreendente nesta notícia ainda não vos contei. É a forma como ela própria foi redigida. Sei que o jornalista assina com as iniciais C. F. e que, pelo que fica escrito, deve ser uma sumidade internacional em moral e bons costumes. Vamos ouvir?... É subtil, mas se ouvirmos com atenção ela está lá a insinuaçãozinha bacoca…
“Chama-se Abu Ruzaiz, é professor de Psicologia e bebeu um café com uma aluna. Hélas!” - escreve o periodista a itálico… "terá sido o pior erro da sua vida…"
E continua: “a polícia religiosa, que quase se cola às paredes à procura destas banalidades, ficou a saber do “crime”. E a palavra crime vem entre aspas. Mas não devia. Apesar do jornal ser português, o crime de que se fala passou-se na Arábia Saudita e lá dispensa aspas. É mesmo crime, sem ironiazinhas insidiosas.
Pois a questão é essa. Não há tempo. Se houvesse, tempo e paciência, talvez pudéssemos fazer esse exercício de comparação. Seja em relação à nossa própria História recente e lembrarmo-nos das bizarrias de costumes e de leis a que Portugal esteve sujeito, ainda não há muito tempo e mais ainda e para além disso, repararmos bem em certos usos e costumes – não forçosamente ilícitos – mas que devem fazer rir a bom rir muito cidadão de outras praias e culturas. Enfim, se forem bem-educados, riem baixinho. E se forem mesmo bem-educados, não vão para os jornais fazer trocadilhos serôdios com a cultura de outros povos. Claro que uma pessoa ser chicoteada por beber um café com outra do sexo oposto é muito desagradável e não fará muito sentido, seja à luz de que século e civilização, mas isso não cabe a nós julgar e muito menos fazer piadola, com aspas ou sem elas.
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