segunda-feira, 20 de março de 2006


“A TRISTE TRISTE HISTÓRIA DE ZÉMANEL LANZARUDO”




ZÉ MANEL LANZARUDO ERA CONHECIDO NO MUNDO DO CRIME COMO O MAIOR FILHO DA PUTA QUE DEUS AO MUNDO DEITOU TODOS O TEMIAM E NINGUÉM O RESPEITAVA OS ÚNICOS AMIGOS QUE TINHA ERAM A FACA E A FORÇA MUITOS GARANTEM TÊ-LO VISTO MATAR POR PRAZER OU DESENFADO TAMBÉM TEVE UM TRISTE FIM O POBRE SAFADO COISA QUE JÁ SE SUSPEITAVA TODOS O TEMIAM NINGUÉM O RESPEITAVA ZÉ MANEL LANZARUDO NAVALHA DE PONTA E MOLA PODIA TER SIDO TUDO TIVESSE ELE IDO À ESCOLA A NOITE COMEÇARA MAL NA TELEVISÃO PREVIAM TROVOADA P’RÓ FIM DE SEMANA E ISSO DEIXAVA ZÉ MANEL LANZARUDO EM BRAZA ERA SUPERIOR ÁS SUAS FORÇAS NÃO CONSEGUIA CONTROLAR A TROVOADA DEIXAVA-O DESCONTROLADO TEVE UMA INFÂNCIA INFELIZ O PAI CANTAVA O FADO A MÃE MORREU DA PORRADA QUE LEVAVA TODOS O TEMIAM NINGUÉM O RESPEITAVA ZÉ MANEL LANZARUDO NAVALHA DE PONTA E MOLA PODIA TER SIDO TUDO SE O TIVESSEM MANDADO À ESCOLA NO BECO DA MEIA LARANJA O MARRECO PUNHA A GRAFONOLA A TOCAR TODAS AS NOITES SEMPRE À MESMA HORA ACERTARAM QUE ESSE SERIA O SINAL COMBINADO ZÉ MANEL LANZARUDO COSIA-SE NAS SOMBRAS DO BECO COMO UM GATO À PROCURA DE QUALQUER COISA ERA MINUCIOSO NÃO DEIXAVA NADA AO ACASO QUEM SE METIA COM ELE TINHA AS FAVAS CONTADAS QUEM NÃO QUER SER LOBO NÃO SE METE EM CALDEIRADAS BEM O DIZIA MAS NINGUÉM O ESCUTAVA TODOS O TEMIAM MAS NINGUÉM O RESPEITAVA ZÉ MANEL LANZARUDO NAVALHA DE PONTA E MOLA PODIA TER SIDO TUDO TIVESSE ELE IDO À ESCOLA OUVIU-SE UM TIRO E UMA PORTA A BATER UM VIOLINO NO TELHADO E UM FÓSFORO A ARDER O ZUMBIR DE UMA MOSCA A POISAR NA SARJETA E UMA ÁRIA DA TOSCA P’LA JANELA ABERTA ZÉ MANEL DE SOSLAIO TREPA P’LA VARANDA E O QUE VÊ LÁ DENTRO PÕE-LHE A CARA À BANDA NA CAMA SEM VIDA UMA GALINHA MORTA SOBRE A ESCREVANINHA NEM UMA LINHA TORTA NUM RASGO D’INSTINTO VIRA-SE NUM REPENTE VIRA DOIS DE TINTO E TRÊS DE AGUARDENTE JÁ BEM EMBALADO COM A ALMA QUENTINHA DESCE P’LO TELHADO ATÉ À COZINHA PEGA NA ESFREGONA E NUM GESTO BRUTAL ATIRA COM ELA P’RÓ MEIO DO QUINTAL COMO IA A PASSAR NA RUA UMA VELHA SACOU DA NAVALHA E CORTOU-LHE UM’ORELHA E A VELHA AOS GUINCHOS SOCORRO E ACUDAM MAS NINGUÉM SE MEXE NEM QUE OS SACUDAM COM O ZÉ MANEL POSSESSO NINGUÉM ARRISCAVA TODOS O TEMIAM NINGUÉM O RESPEITAVA ZÉ MANEL LANZARUDO NAVALHA DE PONTA E MOLA PODIA TER SIDO TUDO SE O TIVESSEM MANDADO À ESCOLA JÁ PASSAVA DA MEIA NOITE E A LUA ESCONDIA-SE POR ENTRE AS NUVENS ZÉ MANEL LANZARUDO DOBRAVA-SE SOB O PESO DA MALDADE ENQUANTO DEIXAVA O CORPO DESLIZAR P’LO ALGERÓS DA MANSARDA SENTIA O ACRE DO SANGUE NA LINGUA UMA ESTRANHA LASSIDÃO PERCORRER-LHE O CORPO COMO UMA DESCARGA ELÉCTRICA DE REPENTE O CÉU DESABOU COMO UMA COUVE A TERRA TREMEU E O CHÃO COMEÇOU A DEITAR FUMO ZÉ MANEL LANZARUDO SÓ TEVE TEMPO DE DIZER UM PALAVRÃO CUMPRIU-SE O PIOR RECEIO O QUE ELE MAIS RECEAVA VEIO UM RAIO E PARTIU-O AO MEIO TODOS O TEMIAM NINGUÉM O RESPEITAVA ZÉ MANEL LANZARUDO NAVALHA DE PONTA E MOLA PODIA TER SIDO TUDO ...

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