quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

e o resto é poesia

O Correio da Manhã repega hoje a matéria e publica mesmo, já em fecho de edição, uma breve entrevista com o general Garcia Leandro, a propósito deste assunto. E o assunto é , uma vez mais, o casamento entre pessoas do mesmo género sexual... os, assim chamados – casamentos gay. Diz o general que a pressa no casamento gay é grave e doentia...
E vem tudo isto a propósito de uma carta aberta que os Militares de Abril – é assim que o jornal os apresenta e identifica – os Militares de Abril estão a subscrever. O jornal diz que a carta vai ser entregue a todos os órgãos de soberania e  refere também que os subscritores falam em nome da liberdade e da democracia que conquistaram em Abril de 74.
Na carta, diz o Correio, reclama-se a possibilidade dos portugueses decidirem sobre esse tipo de casamentos, em nome da referida liberdade e democracia conquistadas no 25 d’Abril.
O Correio garante que a carta começa mais ou menos assim: "vivemos agora uma nova ameaça à liberdade.".. Mais adiante: "no legítimo exercício dos nossos direitos e responsabilidades históricas reclamamos que ao povo português seja devolvida a soberania para decidir sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo."
Até aqui, os argumentos não se afastam muito dos da Plataforma Cidadania e Casamento e dos da Confederação Nacional das Associações de Família, com cujos protestos estes militares de Abril se solidarizam.
De novo, só mesmo talvez estes outros, como o do general Garcia Leandro, por exemplo, que diz que aceita todos os direitos dos homossexuais, mas que não se pode chamar , ou não se deve chamar casamento à união civil entre eles... porque, segundo o general, "o casamento é heterossexual em todas as culturas e o resto é poesia"... Em todas e nalgumas tanto, que até permite que, por exemplo, um homem se case ao mesmo tempo com várias mulheres...
Mais interessante ainda é o argumento de um outro subscritor da carta aberta... o general Hugo dos Santos. Para ele a questão é mesmo semântica... diz o general que, quando o dicionário disser que o casamento é entre elementos do mesmo sexo,  se cala.
E portanto, já ouvimos argumentos que invocam a tradição e a cultura, a perversão dos valores da família, a ameaça até à própria liberdade – sendo que aqui, o que está em causa é a reivindicação de um refendo sobre o assunto... e agora, a questão semântica..  diz o general Hugo dos Santos que no dia em que os dicionários lhe disserem que um casamento pode envolver duas pessoas do mesmo sexo, que se cala muito bem caladinho...
E a verdade também é que já ouvimos gente de várias vocações  e confissões e profissões se pronunciar, no caso, contra os casamentos homossexuais... que é isso que de momento está em causa... os que se opõe. Dos argumentos, também os fomos ouvindo...  Uma classe profissional que ainda não se pronunciou sobre o assunto foi a dos psiquiatras, dos psicólogos, dos psicanalistas... talvez eles também tivessem alguma coisa interessante a acrescentar a esta polémica e nos ajudassem a perceber melhor este fenómeno ... ia a dizer de rejeição, mas seria incorrecto.... pois se nem a própria Igreja o admite abertamente... Por exemplo, a manifestação de dia 20, da Plataforma da Cidadania, que vai sair para a rua em defesa da família e do casamento tradicional português...  sabem o que diz a Conferência Episcopal?... que "aplaude a iniciativa." E é tudo.
É, pelo menos, o suficiente para não se chegar a comprometer com  coragem e frontalidade.
Já não há cristãos como antigamente!...Se fosse hoje,  a estes, os leões do circo romano não lhes pegavam. Nem os leões ferram o dente num gajo todo borrado de medo.

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