quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ora, comecemos pelo fim. Escreve o Jornal de Notícias que a Sé de Lisboa foi mandada construir por d. Afonso Henriques em 1150, 3 anos após a conquista da cidade. E que sofreu, a Sé, claro, várias derrocadas com os terramotos, sendo o pior deles todos, claro está, o de 1755.

Ora, posto isto, recorde-se que , o mês passado, Elísio Summavielle reconheceu e alertou publicamente que a velha Sé de Lisboa precisava de obras urgentes. Sublinhava em especial a degradação do claustro. Entretanto, como se sabe, o plano de recuperação foi posto em marcha e as obras arrancaram no terreno. Só que…

Só que ontem os trabalhos foram interrompidos e a obra parada.

Porque… vamos ao JN, que diz… “as obras de restauro, que estavam a decorrer na Sé de Lisboa, foram mandadas parar, depois de ter sido danificada uma das pedras do portão norte.”

A situação foi denunciada pelo Fórum Cidadania, que fez seguir a reclamação para o ministério da tutela, o da Cultura.

Quando o responsável da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo (Luís Marques) recebeu a reclamação deslocou-se ao local e terá falado com os padres responsáveis pela Igreja, que mandaram parar imediatamente as obras.

E assim vão ficar – paradas – até que, da reunião marcada para amanhã, se descubra uma solução digna – segundo Luís Marques - “uma solução digna para pôr cobro a esta obra indevida.”

Ora, o jornal publica uma foto, que não é de todo garantido que seja a da própria pedra da discórdia, mas é uma pedra o que se vê na foto, uma bloco paralelipipédico, ali no chão da soleira de uma porta - será o tal portão norte?... e uma outra, onde alguém não identificado olha atentamente para a ombreira dessa mesma porta, como se tivesse sido dali, que aquele outro pedaço de pedra no chão tivesse sido cortado, ou amputado, se assim se pode dizer.

O movimento Fórum Cidadania é firme na condenação… diz que é “sintomático sobre o estado de coisas relativamente ao património arquitectónico do país e do entendimento que dele fazem os poderes públicos…” diz que “já não bastava o vandalismo e a poluição, para virem agora, os próprios responsáveis pela conservação dos monumentos a adulterá-los…”

Pelo que se consegue perceber da notícia, estamos a falar de um pedaço de pedra, que foi cortado de uma ombreira do portão norte e em função das obras necessárias de restauro. Obras que agora estão paradas até ver… e ver o quê?... Vai voltar a colar-se o pedaço de pedra que foi cortado, vai-se dizer aos trabalhadores muito claramente o que é lixo e o que é para ficar?... Ou vai-se, para ser mais fiel respeitador da História pátria, processar os arquitectos, que em 1755 muito provavelmente desfiguraram uma Igreja velha de 600 anos?...

A verdade é que para respeitar mesmo o curso natural da História, a única solução era deixar que o tempo, esse supremo escultor, reduzisse a Sé de Lisboa a pó, cinza e nada… porque, em verdade é essa a evolução e fim natural de tudo o que existe ao cimo desta terra.

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