30-3-8
Margarida Oliveira é a única reumatologista no interior, de Faro até Bragança. Diz o Público como exemplo.
A manchete, essa diz que os hospitais em zonas periféricas não conseguem atrair clínicos e que só foram preenchidas 10, das 115 vagas para médicos em unidades carenciadas.
Continua-se depois explicando que a maior parte das unidades fica no interior e serve uma população cada vez mais envelhecida. Diz-se ainda que é a concorrência dos hospitais-empresa quem vem aumentar estas dificuldades todas.
O jornal dá o exemplo do hospital de Castelo Branco, onde em Fevereiro abriram vagas para 6 médicos de várias especialidades e nenhuma delas foi preenchida até hoje. Todos os anos abrem dois concursos para preencher vagas de especialidades várias em hospitais mais carenciados. No último concurso, só 10 das mais de 100 vagas foram preenchidas.
Para o presidente do hospital de Castelo Branco contractar, o ano passado, um pneumologista e conseguir fixá-lo no posto de trabalho foi quase uma lança em África. Foi a excepção que confirma a regra.
Para um outro clínico, neste caso o presidente do hospital da Guarda, a falta de especialistas pode não chegar a comprometer o funcionamento das unidades hospitalares, mas, com uma população envelhecida (que os novos, já se sabe, procuram vida noutras urbes…) a situação pode complicar-se com as listas de espera a aumentar exponencialmente. Na Guarda, dos 124 especialistas necessários, o quadro fica-se pelos 70. Ao todo, entre internos e contratados, o hospital da Guarda tem 108 médicos no activo, mesmo assim, abaixo das necessidades.
Para o bastonário a culpa é do sistema, que avança a duas velocidades. Com a criação dos hospitais-empresa o mercado sofreu uma mudança substancial. Uma mudança que se reflecte não só nos ordenados, como também nas próprias condições de trabalho, tanto em instalações como equipamentos. É por isso e é só mesmo por isso. Diz o bastonário.
Para o bastonário, a abertura de vagas carenciadas – escreve o Público - é a herança de um tempo em que todo o sistema era público e era possível fazer uma "gestão centralizada das carências a nível nacional". Com a livre contratação dos Hospitais Empresa passa-se a um sistema de planificação central para funcionar o mercado, o que quer dizer… ganha – diz o bastonário - quem consegue atrair profissionais. A única coisa que os hospitais de gestão pública podem oferecer neste momento é um vínculo ao Estado. À função pública e esse foi já um chão que deu uvas. Não convence os médicos actualmente. Diz o presidente do Hospital da Guarda, que hoje só uma minoria se deixe encantar por essa regalia. Muitos, a maioria, preferem um vínculo precário à entidade empregadora, desde que isso os mantenha nos grandes centros urbanos. E mesmo isso… Em Faro, as 8 vagas abertas no concurso deste ano ficaram todas por preencher. E Faro nem fica propriamente por detrás dos montes…
Ora a solução entretanto encontrada tem sido a de contratar médicos de empresas externas e que prestam serviços pontuais para resolver questões, que essas, de pontual não têm nada. São tarefas e necessidades do dia a dia de qualquer hospital.
Em Beja a solução é aliciar os jovens médicos com prémios em dinheiro para os fixar ao posto de trabalho. Aos jovens médicos que ficarem por 3 ou 5 anos no hospital de Beja, a administração oferece incentivos remuneratórios no internato. Mas, apesar de ser um hospital-empresa, Beja avisa já que não tem orçamento milionário para pagar a médicos com dúvidas existenciais, ou outras…
O presidente do Conselho Nacional do Médico Interno faz o diagnóstico da crise e é sem reservas que diz que o problema é que a liberalização do sector veio na pior altura. Com a alegada falta de mão-de-obra, o que acontece é que os jovens médicos preferem, mesmo assim, ou por isso mesmo, aceitar contractos individuais de trabalho nesses hospitais-empresa, ou então virarem-se definitivamente para o privado. Esses hospitais do interior são pouco atractivos, têm más condições de trabalho e condições nenhumas de renovação ou de formação dos mais novos na profissão. Um quadro clínico da situação que é preocupante e prenúncio de morte para os hospitais do interior do país.
Fica portanto a informação para todos os eventuais futuros utilizadores das especialidades em défice nos hospitais públicos, portugueses… a culpa é do sistema, que ainda pensa que os médicos vivem do ar e que não têm mais nada que fazer que tratar de gente com problemas de saúde, perdida lá para os confins desse Portugal profundo, ou lá o que é, que era só mesmo o que mais faltava …
A manchete, essa diz que os hospitais em zonas periféricas não conseguem atrair clínicos e que só foram preenchidas 10, das 115 vagas para médicos em unidades carenciadas.
Continua-se depois explicando que a maior parte das unidades fica no interior e serve uma população cada vez mais envelhecida. Diz-se ainda que é a concorrência dos hospitais-empresa quem vem aumentar estas dificuldades todas.
O jornal dá o exemplo do hospital de Castelo Branco, onde em Fevereiro abriram vagas para 6 médicos de várias especialidades e nenhuma delas foi preenchida até hoje. Todos os anos abrem dois concursos para preencher vagas de especialidades várias em hospitais mais carenciados. No último concurso, só 10 das mais de 100 vagas foram preenchidas.
Para o presidente do hospital de Castelo Branco contractar, o ano passado, um pneumologista e conseguir fixá-lo no posto de trabalho foi quase uma lança em África. Foi a excepção que confirma a regra.
Para um outro clínico, neste caso o presidente do hospital da Guarda, a falta de especialistas pode não chegar a comprometer o funcionamento das unidades hospitalares, mas, com uma população envelhecida (que os novos, já se sabe, procuram vida noutras urbes…) a situação pode complicar-se com as listas de espera a aumentar exponencialmente. Na Guarda, dos 124 especialistas necessários, o quadro fica-se pelos 70. Ao todo, entre internos e contratados, o hospital da Guarda tem 108 médicos no activo, mesmo assim, abaixo das necessidades.
Para o bastonário a culpa é do sistema, que avança a duas velocidades. Com a criação dos hospitais-empresa o mercado sofreu uma mudança substancial. Uma mudança que se reflecte não só nos ordenados, como também nas próprias condições de trabalho, tanto em instalações como equipamentos. É por isso e é só mesmo por isso. Diz o bastonário.
Para o bastonário, a abertura de vagas carenciadas – escreve o Público - é a herança de um tempo em que todo o sistema era público e era possível fazer uma "gestão centralizada das carências a nível nacional". Com a livre contratação dos Hospitais Empresa passa-se a um sistema de planificação central para funcionar o mercado, o que quer dizer… ganha – diz o bastonário - quem consegue atrair profissionais. A única coisa que os hospitais de gestão pública podem oferecer neste momento é um vínculo ao Estado. À função pública e esse foi já um chão que deu uvas. Não convence os médicos actualmente. Diz o presidente do Hospital da Guarda, que hoje só uma minoria se deixe encantar por essa regalia. Muitos, a maioria, preferem um vínculo precário à entidade empregadora, desde que isso os mantenha nos grandes centros urbanos. E mesmo isso… Em Faro, as 8 vagas abertas no concurso deste ano ficaram todas por preencher. E Faro nem fica propriamente por detrás dos montes…
Ora a solução entretanto encontrada tem sido a de contratar médicos de empresas externas e que prestam serviços pontuais para resolver questões, que essas, de pontual não têm nada. São tarefas e necessidades do dia a dia de qualquer hospital.
Em Beja a solução é aliciar os jovens médicos com prémios em dinheiro para os fixar ao posto de trabalho. Aos jovens médicos que ficarem por 3 ou 5 anos no hospital de Beja, a administração oferece incentivos remuneratórios no internato. Mas, apesar de ser um hospital-empresa, Beja avisa já que não tem orçamento milionário para pagar a médicos com dúvidas existenciais, ou outras…
O presidente do Conselho Nacional do Médico Interno faz o diagnóstico da crise e é sem reservas que diz que o problema é que a liberalização do sector veio na pior altura. Com a alegada falta de mão-de-obra, o que acontece é que os jovens médicos preferem, mesmo assim, ou por isso mesmo, aceitar contractos individuais de trabalho nesses hospitais-empresa, ou então virarem-se definitivamente para o privado. Esses hospitais do interior são pouco atractivos, têm más condições de trabalho e condições nenhumas de renovação ou de formação dos mais novos na profissão. Um quadro clínico da situação que é preocupante e prenúncio de morte para os hospitais do interior do país.
Fica portanto a informação para todos os eventuais futuros utilizadores das especialidades em défice nos hospitais públicos, portugueses… a culpa é do sistema, que ainda pensa que os médicos vivem do ar e que não têm mais nada que fazer que tratar de gente com problemas de saúde, perdida lá para os confins desse Portugal profundo, ou lá o que é, que era só mesmo o que mais faltava …
1 comentário:
Relativamente ao que está postado neste blog, tal já não corresponde à verdade. Se dantes, no capítulo da Reumatologia, área visada, não haveria quem se dispusesse a vir para o interior, agora será de constatar a existência de vários hospitais do interior com reumatologistas (Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Évora). Nem tudo o que parece é!
Por isso muitos doentes do interior já têm assistência médica que dantes apenas seria possível nos grandes centros, como Lisboa, Coimbra ou Porto.
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