segunda-feira, 6 de março de 2006



Bom dia! (que assim seja...)pensou, ao deslizar da cama e enfiar-se nas calças sem muita pressa.
Chovia, ou tinha chovido, que lá fora estava tudo molhado e o céu façanhudo como um turco.
Pois bem - e apesar de tudo - bom dia !


A oeste da telefonia, nada de novo, nem a falta de cigarros.

Em busca das beatas perdidas,
enche o cachimbo e lança os olhos em travelling lento
por sobre a máquina de escrever, a roupa
espalhada pelos quatro cantos do quarto.
Pára nos olhos do gato
( se eu fosse um gato...
se eu fosse um gato, acho que só comia peixe cru) ...
segue depois parede acima até ao canto
onde a aranha se encolhe em garra peluda e pernilonga
( também não se me dava se fosse aranha...)
Coça a cabeça, acende o cachimbo,
mete uma folha na máquina de escrever
e começa: bom dia!
Que o tempo é uma coisa terrível
e se a gente não o ajuda a passar,
ele sozinho leva séculos
e vice versa, sempre ao contrário.
Esfrega a barbalixa.
Deixa um olhar
vago à volta,
levanta-se e sai
disposto a dizer bom dia ao primeiro cão que encontre na rua.
Bom dia senhor doutor.

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