quinta-feira, 12 de janeiro de 2006
passando ao discurso directo, é chegada, talvez, a hora e a altura de vos cumprir, ou justificar pelo menos, uma promessa que vos deixei, aqui há umas glosas atrás.
falo de uma certa assim chamada e auto proclamada antologia da poesia portuguesa de todos os tempos, mesmo os mais tristes e dificeis aos que ainda estão para vir. enfim, uma obra arrojada e corajosa, mas que, é como o outro, já está, já está.
entretanto, ou porque mudei de ideias e resolvi, afinal, não atirar nenhum dos textos para a rede, ou porque me deu a perguiça, até mesmo para voltar a pensar nisso, a verdade é que nunca o cheguei a fazer e já lá vão uns dias largos. mas festas passadas não pagam dívidas.
e porque me lembrei agora, lá vai
e aqui fica... respeitando e celebrando ainda, o mesmo é dizer, embebido do mais inefável espírito da época que ora fina... com todo o trapio... (entre parenteses para que conste e justiça lhe seja feita, a seguinte recreacão histórico-místico-gastro-enterolosófila foi recolhida por VS, o lucas, que fecha o parenteses em apreço)
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Vieram três reis de longe,
até Belém, aos pastéis.
E apenas por três reis
foi até deitar por fora.
Vejam lá, se fosse agora,
nem com três contos de reis.
Vieram três reis de longe,
guiados por uma estrela
que lhes marcava o destino,
isto para além das outras
que marcavam as garrafas
que tinham, de Constantino.
Foram ter a uma gruta
e viram uma criancinha
c’uma rodela de ananás
à volta da cabecinha.
A mãe, a Virgem Maria,
e o pai, o Zé Carpinteiro,
como andassem sem dinheiro,
tinham feito uma vaquinha
c’a rapaziada amiga
p’ra comprar um aquecedor,
donde aquela história antiga
de que o bafo da vaquinha
era a fonte de calor.
“E o burro?”, perguntará
o leitor habituado
a estas coisas do Natal.
Pois bem, há dois em vez de um,
que é o que é habitual:
um sou eu, é bom de ver,
por estar assim a perder
o meu tempo desta maneira;
o outro é Vossa Excelência,
a quem gabo a paciência
de me estar p’r’àqui a ler -
não era então de prever
que daqui saía asneira?
...
(Não sei se já repararam,
mas no poema, afinal,
há apenas uma quadra:
é a quadra do Natal!)
... ... ... ... ...
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